à Avó
Ficou vazio o teu lugar à mesa. Alguém veio dizer-nos
que não regressarias, que ninguém regressa de tão longe.E, desde então, as nossas feridas têm a espessura
do teu silêncio, as visitas são desejadas apenas
a outras mesas. Sob a tua cadeira, o tapete
continua engelhado, como à tua ida.
Provavelmente fiará assim para sempre.
No outro Natal, quando a casa se encheu por causa
das crianças e um de nós ocupou a cabeceira,
não cheguei a saber
se era para tornar a festa menos dolorosa,
se para voltar a sentir o quente do teu colo.
in A Casa e o Cheiro dos Livros, Gótica, Lisboa, 2002.
à minha mãe |
Gostei de ouvir.
ResponderEliminarLindo!
ResponderEliminarAs palavras, na boca dos poetas, fazem coisas tão belas... E os olhos dos leitores, ávidos, também eles saudosos, humedecem ao lê-las (ouvi-las)...