«Recuei de imediato, com medo de pisá-la. Receava fazer-lhe mal. Sentia uma piedade imensa pelo seu abandono. Mas, de repente, num acto de correspondência inexplicável, pareceu-me que ela me dava a entender que era feliz, e que os seus soluços outra coisa não eram que soluços de ventura, que havia nela uma vida imortal que lhe permitia sobreviver ao corpo desaparecido e enlear-se em tudo o que este havia acarinhado. A felicidade dessa sombra era feita da sua presença nesses locais que havia frequentado.»
Excerto de «O passeio da sombra», conto de Guillaume Apollinaire, lido na sessão de 14 de Maio.
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