Cada um a vida das linhas das vigias iluminadas
E cada um sabendo do outro só que há vida lá dentro e mais nada.
Navios que se afastam ponteados de luz na treva,
Cada um indeciso diminuindo para cada lado do negro
Tudo mais é a noite calada e o frio que sobe do mar.
E cada um sabendo do outro só que há vida lá dentro e mais nada.
Navios que se afastam ponteados de luz na treva,
Cada um indeciso diminuindo para cada lado do negro
Tudo mais é a noite calada e o frio que sobe do mar.
Fernando Pessoa (Lisboa, 1888-1935),
Álvaro de Campos -- Livro de Versos
(edição de Teresa Rita Lopes)
A leitura de uma certa incomunicabilidade. Segundo a TRL, este poema pertence ao período de "o engenheiro aposentado" (1931-35), depois de "o poeta decadente (1913-14), "o engenheiro sensacionista" (1914-22) e "o engenheiro metafísico" (1923-1930). O engenheiro aposentado teria mais tempo (aposentado, não é?), mas não era já capaz de escrever poemas extensos, tinha perdido a virtude do desenvolvimento rítmico, queixava-se ele em poema de Agosto de 34, saudoso do tempo das suas extensas odes, a Triunfal e a Marítima. Devia ser dos neurónios vacilantes, coitado, todos estamos sujeitos a isso...
ResponderEliminarChapeau, meu caro -- ahahah!
EliminarAs coisas que vocês sabem! Em qualquer caso, curto mas (pro)fundo.
ResponderEliminarO grande sabedor aqui é Manuel, eu sou apenas um leitor -- leitor gourmet, mas leitor.
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