O BALOIÇO
Na minha quinta, em pequeno,
Tive um inquieto baloiço
Que ainda o vejo sereno
E nele os meus gritos oiço.
Longas horas baloiçava
Meu frágil corpo menino.
E ora subia ou baixava
Num constante desatino.
Nesse baloiço, à distância,
Chama por mim minha infância
E eu chamo p'lo que passou.
E sem haver quem me oiça
O baloiço me baloiça
Entre o que fui e o que sou.
Alfredo Guisado (Lisboa, 1891-1975)
A Lenda do Rei Boneco (1920) / Líricas Portuguesas - 2.ª Série
(edição de Cabral do Nascimento)
O Alfredo Guisado de "Orpheu" e do restaurante Irmãos Unidos onde a poesia se sentava à mesa. Aqui de regresso ao «inquieto baloiço» da sua infância... Oportunidade para reler alguns dos 13 sonetos publicados no nº 1 daquela revista que teve como editor um jovem de 19 anos chamado António Ferro :) :) :)
ResponderEliminarEu já nem me lembrava dos Irmãos Unidos, apenas que como era costume com muitos galegos, havia na história uma casa de pasto...
Eliminar... e vou aprendendo.
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