9 de janeiro de 2024

JOSÉ RÉGIO: 11 OBRAS, 22 POEMAS - IV

 

SONETO DE AMOR

 

Não me peças palavras, nem baladas,

Nem expressões, nem alma… Abre-me o seio,

Deixa cair as pálpebras pesadas,

E entre os seios me apertes sem receio.

 

Na tua boca sob a minha, ao meio,

Nossas línguas se busquem, desvairadas…

E que os meus flancos nus vibrem no enleio

Das tuas pernas ágeis e delgadas.

 

E em duas bocas uma língua…, – unidos,

Nós trocaremos beijos e gemidos,

Sentindo o nosso sangue misturar-se.

 

Depois… – abre-me os teus olhos, minha amada!

Enterra-os bem nos meus; não digas nada…

Deixa a vida exprimir-se sem disfarce.

 

--- Biografia, 1929



5 comentários:

  1. Ah, grande José Maria! Sensualíssimo! Mas como poema...

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  2. Sensual... ou mesmo sensualíssimo. O nome citado - José Maria - era muito comum em Vila do Conde e até noutros pontos do país. Conheço alguns vilacondenses que o receberam. José Maria dos Reis Pereira era o nome civil de José Régio. E, já agora, lembrar um tal José Maria de Eça de Queiroz, nascido, segundo o próprio, em Póvoa de Varzim, mas que alguns asseveram ser filho de Vila do Conde (Manuela de Azevedo, por ex.). Pelo menos, o seu registo de baptismo foi feito na Igreja Matriz da vila do Ave. Isso é líquido, documental.

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    1. E eu aproveito para lembrar um José Maria Ferreira de Castro...

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  3. A primeira vez que li este poema foi no Eros de Passagem, do Eugénio de Andrade. É dum erotismo pujante...

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