SONETO DE AMOR
Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma… Abre-me o
seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem
receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem,
desvairadas…
E que os meus flancos nus vibrem no
enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua…, –
unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois… – abre-me os teus olhos,
minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada…
Deixa a vida exprimir-se sem
disfarce.
--- Biografia, 1929
Ah, grande José Maria! Sensualíssimo! Mas como poema...
ResponderEliminarSensual... ou mesmo sensualíssimo. O nome citado - José Maria - era muito comum em Vila do Conde e até noutros pontos do país. Conheço alguns vilacondenses que o receberam. José Maria dos Reis Pereira era o nome civil de José Régio. E, já agora, lembrar um tal José Maria de Eça de Queiroz, nascido, segundo o próprio, em Póvoa de Varzim, mas que alguns asseveram ser filho de Vila do Conde (Manuela de Azevedo, por ex.). Pelo menos, o seu registo de baptismo foi feito na Igreja Matriz da vila do Ave. Isso é líquido, documental.
ResponderEliminarE eu aproveito para lembrar um José Maria Ferreira de Castro...
EliminarA primeira vez que li este poema foi no Eros de Passagem, do Eugénio de Andrade. É dum erotismo pujante...
ResponderEliminarNota 100.
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