A JAULA E AS FERAS
Vivem centos de doidos nesse hospício
(Quem no diria, olhando cá de
fora…?!)
E o portão dança já no velho quício,
Dança, e faz entrar mais a toda a
hora…
Trazem todos um sonho, um crime, um
vício,
E foram reis lá muito longe, outrora…
E em seus rostos de espanto ou de
flagício
Não sei que ausência atroz se
comemora!
Faz medo e angústia olhá-los bem nos
olhos;
E, lá por trás de grades e ferrolhos,
Estoiram de ansiedade desmedida.
– Meu corpo, ó meu hospício de
alienados!
Abre-te aos meus desejos enjaulados,
Deixa-os despedaçar a minha vida!
--- Poemas de Deus e do Diabo, 1925
(Republicado em Biografia, 1929)
Um olhar de fora para dentro.
ResponderEliminarQuem nunca fez uma introspeção assim, embora sem o génio de a descrever?
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