ÍCARO
ao Fernando Lopes
Graça
A minha Dor, vesti-a de brocado,
Fi-la cantar um choro em melopeia,
Ergui-lhe um trono de oiro imaculado,
Ajoelhei de mãos postas e adorei-a.
Por longo tempo, assim fiquei prostrado,
Moendo os joelhos sobre lodo e areia.
E as multidões desceram do povoado,
Que a minha Dor cantava de sereia…
Depois, ruflaram alto asas de agoiro!
Um silêncio gelou em derredor…
E eu levantei a face, a tremer todo:
Jesus! ruíra em cinza o trono de
oiro!
E, misérrima e nua, a minha Dor
Ajoelhara a meu lado sobre o lodo.
--- Poemas de Deus e do Diabo, 1925
(Republicado em Biografia, 1929)
É assim mesmo!
ResponderEliminarAh é?
ResponderEliminarÉ pois -- e não acredito que o que está na minha antol. não esteja nestes 22.
EliminarApreciei esta desilusão.
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