A porta entreaberta,
como cheiram as tílias.
O pingalim, a luva
na mesa esquecidos.
A luz, rodela triste...
A noite a restolhar.
E por que te partiste?
Para mim não é claro...
Amanhã será alegre
e clara a madrugada.
Como esta vida é bela,
ó meu coração, calma.
Cansado, e te senti
tão surdas as pancadas.
Mas ouve o que eu li:
Nunca morrem as almas.
[1911]
Anna Akhmátova (Odessa, 1889 - Leningrado / São Petersburgo, 1966)
[versão de Nina Guerra e Filipe Guerra, in Só o Sangue Cheira a Sangue (2000)]
Poema dramático...mas aberto à esperança "amanhã será alegre /e clara a madrugada" . Gosto particularmente de um verso que lá está por ser sensorial..."como cheiram as tílias". Tem conotações com variadìssimas poéticas. Continue a dar-nos tradução .
ResponderEliminarEla é deslumbrante.
EliminarCertamente, meu caro, serão 25; e, ao contrário da outra, já toda feitinha, esta será mais na base do improviso e recurso à memória.
Sinceramente...
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