ÉCLOGA DE JANO E FRANCO (excerto)
Dizem que havia um pastor
antre Tejo e Odiana,
que era perdido de amor
per ua moça Joana.
Joana patas guardava
pela ribeira do Tejo,
seu pai acerca morava,
e o pastor, de Alentejo
era, e Jano se chamava.
Quando as fomes grandes foram,
que Alentejo foi perdido,
da aldeia que chamam o Terrão
foi este pastor fugido.
Levava um pouco de gado,
que lhe ficou doutro muito
que lhe morreu de cansado:
que Alentejo era enxuito
d'água e mui seco de prado.
Toda terra foi perdida;
no campo do Tejo só
achava o gado guarida:
ver Alentejo era um dó!
E Jano, para salvar
o gado que lhe ficou,
foi esta terra buscar;
e um cuidado levou,
outro foi ele lá achar.
O dia que ali chegou
com seu gado e com seu fato,
com tudo se agasalhou
em ua bicada de um mato.
E levando-o a pascer,
o outro dia, à ribeira,
Joana acertou de ir ver,
que se andava pela beira
do tejo a flores colher.
BERNARDIM RIBEIRO
Conheço pouco mas gostei.
ResponderEliminarOs pastores de Bernardim! Lembro-me é da história da menina e moça que foi levada de casa de seu pai para longes terras... E do episódio do rouxinol que tem tanto que se lhe diga.
ResponderEliminarBelo excerto muito bem escolhido. Bernardim que lemos mal abrimos os olhos para as antologias do ensino secundário.
EliminarInefável Bernardim, um dos nossos "mistérios".
ResponderEliminarPenso que 'à pala' desta conversa vou finalmente ler a Menina e Moça...
EliminarEste é dos que está (já parcialmente) de cor. Gosto. J. A. Marcos Serrra
ResponderEliminar