CANTIGA
Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura
Vai formos, e não segura.
A talha leva pedrada,
Pucarinho de feição,
Saia de cor de limão,
Beatilha soqueixada;
Cantando de madrugada
Pisa flores na verdura:
Vai formosa, e não segura.
Leva na mão a rodilha
Feita da sua toalha,
Com uma sustenta a talha,
Ergue com outra a fraldilha;
Mostra os pés por maravilha,
Que a neve deixam escura:
Vai formosa, e não segura.
As flores por onde passa,
Se o pé lhe acerta de pôr,
Ficam de inveja sem cor
E de vergonha com graça:
Qualquer pegada que faça
Faz flore3scer a verdura:
Vai formosa, e não segura.
Não na ver o Sol lhe val
Por não ter novo inimigo,
Mas ela corre perigo
Se na fonte se vê tal;
Descuidada deste mal
Se vai ver na fonte pura:
Vai formosa, e não segura.
F. RODRIGUES LOBO
Bendito plágio (?)!
ResponderEliminarEste nem necessito ler...
ResponderEliminarDeste, gosto todos os dias. Curiosamente, não entra nos meus 101 poemas. Esteve quase...
ResponderEliminarDeste "plagiador" de Camões, gostei das novelas pastoris e de "A Corte na Aldeia" (princípio do século XVII), obra com episódios em Sintra (a aldeia?), segundo me lembro.
ResponderEliminarChamar-lhe-ia variação. Pois pela inertextualidade com a restante obra camoniana incluindo a expressão saia da corde limão que vai buscar a outra cantiga ..."verdes são os campos..." e há generalidade das outras construções de temática e
ResponderEliminare gramática camoniana fraldilha, pegada, verdura, para além das inversões de sentido. Uma vez mais variaçòes por preceder em alguns séculos a Leonorana ,31 Variações sobre um vilancete de Camòes, da Ana Hatherly, (1965-70) que "modificou" o texto do Poeta...
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