Rentes que aves são...
Rentes que aves são o grito alucinado
deste inverno de carumas frias
roçando o fumo das leiras em fermento
gritos que aves rentes despedaçam
pelos ossos de brancura consumidos
deste frio que o inverno roça
aves que o espaço habita de viagem
de rumor secreto de olhar ferido
este é o inverno que vos dou
na pureza do sal e das carumas.
A. J. VIEIRA DE FREITAS, habitar o tempo, Cadernos do Círculo de Poesia,Moraes Editores, Lisboa, 1975.
[Natural da Madeira foi professor do ensino secundário, poeta, ensaísta e crítico. O seu espectro literário vai de Rilke a Octávio Paz. "Poemas limpos. Palavras-casulo. Sobre elas, (...)desce, por vezes, o pólen de Rilke, de Eugénio de Andrade", disse Jorge Listopad na Colóquio, 1977.].
Gosto muito. Conheci-o graças a si.
ResponderEliminarFaz o meu género: lirismo, natureza, despojamento...
ResponderEliminarBelo, belíssimo.
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