14 de novembro de 2023

TEM DIAS VIII

 


Um dia virás ter comigo

sentada numa nuvem.


E quando chover,

cairás em meus braços

com um sorriso de água

                         nos teus lábios.


EMANUEL JORGE BOTELHO, Consciências de mim que a Ti devo, edição de autor, Ponta Delgada, 1978.

7 comentários:

  1. Belo ❤️
    Descobri recentemente a poesia de Emanuel Jorge Botelho. Gostei muito. Alguns poemas lembram-me Ramos Rosa e a sua poesia como expressão irreconciliável da luz e da sombra mas também do silêncio.

    Partilho um pequeno poema retirado do livro "Sombras e Outros Disfarces" de Emanuel Jorge Botelho. Edições Averno. As capas são belíssimas 😊

    "POÉTICA
    para o Eugénio de Andrade
    para o Carlos de Oliveira

    dar às palavras o rigor do medo,
    ou os nomes do mundo.
    depois, deixar o sobressalto
    sair da sua sombra,
    e subir, lavado, pela asa que há nos dedos.
    quando a luz magoar a pele,
    pedir ao tempo que venha, de mansinho,
    fechar o rosto da noite."

    E também este de "O Livro das Coisas Ardidas". Igualmente Edições Averno.

    "VERSOS DO DESCONSOLO VI
    para Paul Celan

    ter do tempo a rosa mais perfeita,
    e vê-la cair, exausta,
    rente aos dedos que há no medo.

    desenhar disso o sudário mais inteiro,
    e a sua sombra."

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  2. É certo cara leitora. Na magrinha página do prefácio Machado Pires recorda o "jogo das influências, (...) o texto feito espaço,onde outros textos se cruzam e neutralizam..."citando Kristeva. E, encontra assim, Eugénio, Cesariny, Virgílio Ferreira...para Ruy Galvão de Carvalho faz-lhe lembrar Omar Khayyám, poeta persa do século XI. Bem como com as composições líricas japonesas. E, Egito Gonçalves encontra nele " o puro sentimento do espanto que é sempre a descoberta do amor". Tudo isto está nos belos poemas que transcreveu onde está presente tb um "cerebralismo analítico" a par de imagens de grande simplicidade para voltar a referir M. Pires . Num mundo vazio e estéril de ideias é sempre bom reflectirmos tranquilamente a propósito da beleza das palavras que nos preenchem e são a nossa razão de existir e comunicar positivamente com o Outro.

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    1. Sim, composições líricas japonesas. Ainda não li Omar Khayyám, mas estará para breve, espero.
      Obrigada pela partilha, Laurindo 🙂

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    2. Pode procurar aqui: https://bibliotronicaportuguesa.pt/livronicos-na-internet/ (fazer Ctrl+F; escrever Omar e algo aparecerá para ler).

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