Não creias, Lídia, que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
Oferecendo a flor
Que adiámos colher.
Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que hesita.
Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével rasto
Que o não-vivido deixa.
Não creias na demora em que te medes.
Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais à frente
Do que o teu próprio passo.
Sophia de Mello Breyner Andresen
(Dual)
Esplêndida SophiaMBA, em diálogo com um génio tutelar.
ResponderEliminarDo Livro III, de "Dual", 'Homenagem a Ricardo Reis`, sete poemas ao todo. Esta obra de Sophia estará em discussão, no próximo mês, na Comunidade de SDR.
Eliminar"Mais tarde, será tarde e já é tarde." -- que verso assombroso!
ResponderEliminarEle poderia ter sido deslumbrante mas inventou a tarde...
ResponderEliminarSim, senhora poetisa.
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