Programa
Enfrenta o sol que vem e adivinha
o azul de amendoeiras que são brancas.
Dá livre curso ao fogo, à plena ave
que voa no teu corpo ou nele se enlaça.
Percorre ( e amadurece) esse veludo
de marear no centro dos abismos
onde procuras erva e um frescor de rio.
Não penses na raíz, nas incisões
da cinza sobre as valas
ou nos vitrais do frio.
Segue o teu corpo a cavalgar a brisa
com flâmulas de assombro
e um punhal em riste.
JOÃO RUI DE SOUSA, Ardorosa Súmula, Clepsydra colecção de poesia 1, Coisas de Ler, 2016.
Um poema planante e discreto como o autor, cujo trabalho conheço mal. O título do livro impressiona pelo encarquilhamento.
ResponderEliminarMais um poeta que fiquei a conhecer pela mão do especialista Laurindo Góis!
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