15 de novembro de 2023

TEM DIAS IX

 


Programa


Enfrenta o sol que vem e adivinha

o azul de amendoeiras que são brancas.


Dá livre curso ao fogo, à plena ave

que voa no teu corpo ou nele se enlaça.


Percorre ( e amadurece) esse veludo

de marear no centro dos abismos

onde procuras erva e um frescor de rio.


Não penses na raíz, nas incisões

da cinza sobre as valas

ou nos vitrais do frio.


Segue o teu corpo a cavalgar a brisa

com flâmulas de assombro

e um punhal em riste.



JOÃO RUI DE SOUSA, Ardorosa Súmula, Clepsydra colecção de poesia 1, Coisas de Ler, 2016.

2 comentários:

  1. Um poema planante e discreto como o autor, cujo trabalho conheço mal. O título do livro impressiona pelo encarquilhamento.

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  2. Mais um poeta que fiquei a conhecer pela mão do especialista Laurindo Góis!

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