Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada badalada tua
Soa dentro da minha alma.
E e tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.
Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.
A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.
FERNANDO PESSOA
Aqui fica mais um de Pessoa. Como vem sendo mais ou menos notório, a minha preferência vai para poemas genuinamente líricos, que se destacam pela sua essencial simplicidade e musicalidade.
ResponderEliminarE agora suspendo a minha antologia por uma semana...
Boa escolha. Por serem sempre outras no tempo que passa para o leitor as badaladas deste poema é uma boa opção ter suspendido a antologia por alguns dias. A poesia necessita de camoniano deleite. Até breve.
EliminarPoema superior. E pensar que a aldeia dele se situava no Largo de São Carlos, e que os sinos soavam no Chiado... Ninguém foi maior que ele.
ResponderEliminarTambém prefiro este estilo: sintoniza melhor com a minha sensibilidade e o limite da minha inteligência.
ResponderEliminar