28 de novembro de 2023

POEMAS IMORTAIS - UMA SELECÇÃO POSSÍVEL. XI

 

Ó sino da minha aldeia,

Dolente na tarde calma,

Cada badalada tua

Soa dentro da minha alma.


E e tão lento o teu soar,

Tão como triste da vida,

Que já a primeira pancada

Tem o som de repetida.


Por mais que me tanjas perto

Quando passo, sempre errante,

És para mim como um sonho,

Soas-me na alma distante.


A cada pancada tua,

Vibrante no céu aberto,

Sinto mais longe o passado,

Sinto a saudade mais perto.


FERNANDO PESSOA

4 comentários:

  1. Aqui fica mais um de Pessoa. Como vem sendo mais ou menos notório, a minha preferência vai para poemas genuinamente líricos, que se destacam pela sua essencial simplicidade e musicalidade.
    E agora suspendo a minha antologia por uma semana...

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    1. Boa escolha. Por serem sempre outras no tempo que passa para o leitor as badaladas deste poema é uma boa opção ter suspendido a antologia por alguns dias. A poesia necessita de camoniano deleite. Até breve.

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  2. Poema superior. E pensar que a aldeia dele se situava no Largo de São Carlos, e que os sinos soavam no Chiado... Ninguém foi maior que ele.

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  3. Também prefiro este estilo: sintoniza melhor com a minha sensibilidade e o limite da minha inteligência.

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