ELÉCTRICO II
(Num
carro para Campolide. Dia sexual.)
Uma mulher de carne azul,
semeadora de luas e de transes,
atravessou o vidro
e veio, voadora,
sentar-se ao meu colo
na nudez reclinada
dum desdém de espelhos.
(Mas que bom! Ninguém suspeita
que levo uma mulher nua nos joelhos.)
JOSÉ GOMES FERREIRA, Poesia III
(1961)
Do que mais gosto na poesia do JGFerreira são mesmo os parênteses.
ResponderEliminarEsse poema está, se não erro, numa antologia de poesia erótica...; Quanto a J G Ferreira: sugeri o poeta para um trabalho de grupo no ensino secundário. Coube-me ler o Electrico e o Vieira de Freitas deu-nos um Bom. Inicialmente a ideia era trabalhar " O real na poesia de Herberto Helder"...mas o Poeta concordou com a troca.
ResponderEliminar"Eléctrico", série escrita entre 1943 e 45, é constituída por LXIV poemas. Em antologia de poesia erótica o II?Também julgo ter recordação disso... Esses antologistas são capazes de tudo! Curiosamente, o poema III é diferente:
Eliminar(Arte poética)
Liberdade
é também vontade.
Benditas roseiras
que em vez de rosas
dão nuvens e bandeiras
Creio estar na célebre antologia de poesia erótica elaborada pela Natália Correia e que fez correr tanta tinta...seja como for eu já vi esta da mulher azul sentada nos meus joelhos numa antologia erótica aí pelos agitados anos setenta, depois de Abril...
ResponderEliminarGosto do conceito.
ResponderEliminarJ. A. Marcos Serra