4 de novembro de 2023

POESIA EM LÍNGUA PORTUGUESA, século XX (28)

 

ELÉCTRICO II

 

                                           (Num carro para Campolide. Dia sexual.)

 

Uma mulher de carne azul,

semeadora de luas e de transes,

atravessou o vidro

e veio, voadora,

sentar-se ao meu colo

na nudez reclinada

dum desdém de espelhos.

 

(Mas que bom! Ninguém suspeita

que levo uma mulher nua nos joelhos.)

 

JOSÉ GOMES FERREIRA, Poesia III  (1961)


5 comentários:

  1. Do que mais gosto na poesia do JGFerreira são mesmo os parênteses.

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  2. Esse poema está, se não erro, numa antologia de poesia erótica...; Quanto a J G Ferreira: sugeri o poeta para um trabalho de grupo no ensino secundário. Coube-me ler o Electrico e o Vieira de Freitas deu-nos um Bom. Inicialmente a ideia era trabalhar " O real na poesia de Herberto Helder"...mas o Poeta concordou com a troca.

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    1. "Eléctrico", série escrita entre 1943 e 45, é constituída por LXIV poemas. Em antologia de poesia erótica o II?Também julgo ter recordação disso... Esses antologistas são capazes de tudo! Curiosamente, o poema III é diferente:

      (Arte poética)

      Liberdade
      é também vontade.

      Benditas roseiras
      que em vez de rosas
      dão nuvens e bandeiras

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  3. Creio estar na célebre antologia de poesia erótica elaborada pela Natália Correia e que fez correr tanta tinta...seja como for eu já vi esta da mulher azul sentada nos meus joelhos numa antologia erótica aí pelos agitados anos setenta, depois de Abril...

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  4. Gosto do conceito.
    J. A. Marcos Serra

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