22 de janeiro de 2014

IMAGENS DE "A LÃ E A NEVE" 2


Horácio era pastor...
Se hoje conheço pastor que se desloca em moto-quatro, no tempo do Romance, era assim:
Será um destes o "Canholas" ou o "Marrafa"? Talvez... as famílias continuam em Manteigas e conservam ainda a alcunha.
O "Piloto", da raça famosa do Cão da Serra da Estrela é que continua a manter-se, sem adornos modernos.
De pelo longo ou pelo curto, os dois tipos caraterísticos da raça, com coleira de picos longos para proteger o pescoço, continua a ser o zelador do rebanho e companhia do pastor.

Quando a invernia deixava a serra sem pastos e sem condições de alimentar o gado, fazia-se a transumância para terras a sul, para a Idanha. "Foi para a Idanha" era expressão comum durante a minha meninice e juventude.
Era assim um rebanho em transumância... talvez um destes homens seja o "nosso" Horácio.
Na Vila de Manteigas estabeleceram-se três designações sócio-económicas. Os Corropios que viviam da agricultura e pastorícia, geralmente sem bens próprios, ou com pequenas courelas e meia dúzia de cabeças de gado. Os Cardinchas que eram os assalariados das fábricas e dos engenhos. Os Cães-Grandes onde estavam englobados os industriais, os donos de muitas terras ou de gado e (por alguma forma) os ricos.
No Romance aparecem claramente vários Corropios e Cardinchas. Cães-Grandes, seriam o Valadares (?) e Vasco da Gama Sotomayor (que julgo ser, na realidade, Francisco Esteves Gaspar de Carvalho, industrial e dono de terras empreendedor. Tem busto na Vila. Já eu era adulto, era ela ainda (de longe) o homem mais rico de Manteigas).
Há dois anos, José Paixão publicou um romance, Corropios, Cardinchas e Cães Grandes, onde retrata, com riqueza etnográfica, esta estrutura social.

Sem comentários:

Enviar um comentário