25 de junho de 2012

George Orwell, 109

George Orwell (pseudónimo de Eric Arthur Blair, nasceu em Motihari, Bihar (Índia),
a 25 de Junho de 1903

24 de junho de 2012

18 de junho de 2012

TRINDADE COELHO

Por certas razões tenho lido nos últimos dias algumas passagens de In Illo Tempore. Então aqui fica esta espécie de ex-voto que celebra os milagres de Stª Sebenta, no palavrório latino Beataque Maria Sebentacea. Pode encontrar-se a páginas 178 da sétima edição da Portugália Editora.
Um pouco mais à frente, vem o epitáfio a inscrever na sepultura do litógrafo Manuel das Barbas, grande divulgador da ciência dos lentes:
Aqui jaz Manuel; descansa!
Trabalhou muito, e bebeu…
Litografava as sebentas,
Mas foi feliz: – nunca as leu.

Trindade Coelho, 151

Trindade Coelho nasceu em Mogadouro, a 18 de Junho de 1861

14 de junho de 2012

ERGO UMA ROSA..., José Saramago

Ergo uma rosa, e tudo se ilumina
Como a lua não faz nem o sol pode:
Cobra de luz ardente e enroscada
Ou vento de cabelos que sacode.

Ergo uma rosa, e grito a quantas aves
O céu pontuam de ninhos e de cantos,
Bato no chão a ordem que decide
A união dos demos e dos santos.

Ergo uma rosa, um corpo e um destino
Contra o frio da noite que se atreve,
E da seiva da rosa e do meu sangue
Construo perenidade em vida breve.

Ergo uma rosa, e deixo, e abandono
Quanto me dói de mágoas e assombros.
Ergo uma rosa, sim, e ouço a vida
Neste cantar das aves nos meus ombros.

Um Ramo de Rosas -- Colhidas por José da Cruz Santos na Poesia Portuguesa e Estrangeira, Porto, Modo de Ler, 2010.

(lido na sessão de 1 de Junho de 2012)

13 de junho de 2012

9 de junho de 2012

8 de junho de 2012

SALMO, Paul Celan

Ninguém nos moldará de novo em terra e barro,
ninguém animará pela palavra o nosso pó.
Ninguém.

Louvado sejas, Ninguém.
Por amor de ti queremos
florir.
Em direcção a ti.

Um Nada
fomos, somos continuaremos
a ser, florescendo:
a rosa do Nada, a
de Ninguém.

Com
o estilete claro-de-alma,
o estame ermo-de-céu,
a corola vermelha
da purpúrea palavra que cantámos
sobre, oh sobre
o espinho.

(tradução de Yvette Centeno e João Barrento)

Um Ramo de Rosas -- Colhido por José da Cruz Santos na Poesia Portuguesa e Estrangeira, Porto, Modo de Ler, 2010, p. 40.

(lido na sessão de 1 de Junho de 2012)

5 de junho de 2012

ROSA SEM ESPINHOS, Almeida Garrett

Para todos tens carinhos,
A ninguém mostras rigor!
Que rosa és tu sem espinhos?
Ai, que não te entendo, flor!

Se a borboleta vaidosa
A desdém te vai beijar,
O mais que lhe fazes, rosa,
É sorrir e corar.

E quando a sonsa da abelha,
Tão modesta em seu zumbir,
Te diz: -- Ó rosa vermelha,
Bem me podes acudir:

Deixa do cálice divino
Uma gota só libar...
Deixa, é néctar peregrino,
Mel que eu não sei fabricar...

Tu de lástima rendida,
De maldita compaixão,
Tu à súplica atrevida
Sabes tu dizer que não?

Tanta lástima e carinhos,
Tanto dó, nenhum rigor!
És rosa e não tens espinhos!
Ai, que não te entendo, flor.

Almeida Garrett

in Um Ramo de Rosas -- Colhidas por José da Cruz Santos na Poesia Portuguesa e Estrangeira, Porto, Modo de Ler, 2010, p. 18.

(lido na sessão de 4 de Maio de 2012)



4 de junho de 2012

Nótula sobre O RISO DE DEUS, de António Alçada Baptista



Nota breve, por que o livro não justifica mais.
De António Alçada Baptista (AAB) lera o ternurento Tia Suzana, Meu Amor (1989) e a breve evocação da infância Uma Vida Melhor (1984), de que guardo, em especial do segundo, uma boa memória de leitura. Este Riso de Deus, enquanto obra literária é trágico; como tese, patético.
AAB não tem oficina. O estilo é paupérrimo, croniquetas marie claire,  de resto, muito praticado pelo autor; a estrutura do romance é um desastre, um pastelão que provoca um longo bocejo; os diálogos são aborrecidos solilóquios. Passamos a metade do livro e perguntamo-nos por que raio estamos a perder tempo com ele.
Depois, umas banalidades perigosamente próximas do tom auto-ajuda e umas angústias muito marcadas pelo peso da religião que, para quem como eu é ateu se tornam risíveis e/ou irritantes, embora as compreenda, criado que fui em ambiente de catolicismo formal. É um livro de um agnóstico com remorsos ou, pior ainda: a autojustificação (auto-desculpabilização) de um crente.
No meio deste bocejo, algumas partes conseguidas (a carta a Rosa, por exemplo) e umas quantas ideias interessantes: o elogio da inutilidade, contraposta à fúria competitiva emanada da ideologia utilitária das sociedades mercantis modernas; as memórias da infância (ponto forte do autor) e dum tempo provinciano já morto; o enaltecimento do género feminino, com sensibilidade e/ou intuição assinaláveis e consequente  rejeição do estereótipo marialva, bem presente na nossa cultura; uma necessidade de transcendência que não se fica pela Igreja, mas que vai mais além, ao simbólico e ao metafísico. São estas ideias que valem o livro -- nada que não se possa encontrar em grande literatura.