27 de abril de 2014

Reverberações, Vasco Graça Moura


                        
                                   sempre achei que a vida 
                                   das palavras tinha
                                   a incerta medida
                                   de eu viver a minha 

                                   e em contrapartida,
                                   como se adivinha,
                                   a letra corrida,
                                   que fiz, encaminha 

                                   uma ressonância
                                  em que transformei
                                  tudo, desde a infância 

                                   quanto experimentei,
                                   perto ou à distância
                                   para o que escutei.

 

                       in    Artes Poéticas, Vasco Graça Moura

                                                              

 

15 de abril de 2014

Aldeia da Palhota

No passado mês , visitei a aldeia avieira da Palhota, onde Alves Redol viveu vários meses. O espaço é gerido pela Associação Palhota Viva e é possivel pernoitar na Casa do Avieiro, que permanece idêntica e que recomendo.





 




Saudações Escotistas!

Para mais informações:

Pedro Santos - 963752615
Tânia Simões - 926564424
Email: palhotaviva@gmail.com

4 de abril de 2014

desrazões

Narrativa habilmente entretecida entre passado e presente, fluindo à medida dessa Helena comedida, mas de ideias firmes, oriunda da pequena burguesia lisboeta. O tempo é o dos últimos sessenta anos, da opressão à libertação, da PIDE ao Facebook, da carência à abundância para a qual, dizem, não tínhamos possibilidades. Opressão e libertação, não apenas da cidadania, mas da própria condição da mulher portuguesa, cidadã de terceira num universo de preconceito e tabus, ontem; emancipada, em boa medida, hoje -- inclusivamente na sexualidade, de que a filha, Yolanda, é exemplo; ou, ainda, o mundo novo da net, protagonizada por Joana, em paternalista interacção com a avó.
Na noite de mediocridade e pobreza (também moral) que foi o Estado Novo, Delgado foi o fogo-fátuo que a iluminou brevemente, para desaparecer de imediato -- excepto na memória de todos quantos viveram aquele período de ilusão.
O Eléctrico 16 é igualmente um relato dos amores possíveis, os que se efectivaram, uns na carne, no espírito, outros, sabendo-se que os vários homens e mulheres que existem dentro de nós nunca se conformam com a domesticação que a (des)razão e a civilidade impõem.

Filomena Marona Beja, O Eléctrico 16, Lisboa, Divina Comédia, 2013.