29 de dezembro de 2014

Alves Redol, 103



Alves Redol nasceu em Vila Franca de Xira
em 29 de Dezembro de 1911

24 de dezembro de 2014

Charlotte prepara o Natal

«No dia em que Werther escreveu ao seu amigo a última carta a que acabamos de aludir, fora no domingo antes do Natal; foi à noite a casa de Carlota e encontrou-a só. Estava ocupada a preparar os brinquedos que destinava aos irmãos e irmãs como prendas. Werther falou da alegria que iam ter as crianças e do tempo em que a abertura inesperada de uma porta e a aparição de uma árvore cheia de velas, de gulodices e de maçãs nos davam o maior prazer.»

Goethe, Werther [1774], tradução de João Barreira, Lisboa, Editorial Verbo, s.d., p. 153 

20 de dezembro de 2014

BOAS FESTAS!


Para o(a)s prezado(a)s confrades do Clube de Leitura Ferreira de Castro, de Sintra, e para todos os visitantes da "Curva", os meus votos de uma quadra natalícia cheia de Paz e Amor!

(Fernando Faria)




16 de dezembro de 2014

Jane Austen, 239

retrato de Jane, pela irmã, Cassandra, c. 1810

Jane Austen nasceu em Steventon, no Hampshire, 
em 16 de Dezembro de 1775

15 de dezembro de 2014

IN MEMORIAM, José Carlos Ary dos Santos

Requiem aeternum dona eis,
                                                                                                                                                                         Domine, et lux perpetua
                                                                                                                                                                                         luceat eis.»

Que a terra lhe seja pesada.
Que lhe apodreça o corpo e os olhos fiquem vivos,
Se lhe soltem os dentes e a fome fique intacta
E a alma, se a tiver, que lha fustigue o vento
E arrase com ela a memória gravada
Na lembrança demente dos que o choram.

Que a mulher que foi dele oiça o vento na noite,
Cheio de ossos e uivos
E garfos aguçados
E que reparta o medo com o primeiro intruso
E o vento se insinue pelas portas fechadas
E rasteje no quarto
E suba pela cama
E lhe entre no olhar como estiletes de aço
Lhe penetre os ouvidos como agulhas de som,
Lhe emaranhe os cabelos como um nó de soluços,
Lhe desfigure o rosto como um ácido em chama.

Que a mulher que foi dele oiça o vento na noite,
Que a mulher que foi dele oiça o vento na cama!

Que o nome que era o seu o persigam os ecos,
O gritem no deserto as gargantas com sede,
O murmurem no escuro os mendigos com frio,
O clamem na cidade as crianças com fome,
O soluce o amante de súbito impotente,
O maldigam no exílio as almas sem descanso

Que o nome que era o seu seja a bandeira negra,
A pálpebra doente,
O vómito de sangue..

Que o gesto que era o seu o imitem as mães
Que se torcem de dor quando abortam nas trevas,
O desenhem a lume os braços amputados,
O perpetue o esgar dos jovens mutilados,
O dance o condenado que morre na fogueira.

Que o gesto que era o seu seja o punhal do louco
A arma do ladrão
A marca do vencido.

Que o sangue que era o seu seja o rictus da tara,
A máscara de sal,
A vingança do pobre.
E que o Exterminadsor, no seu trono de enxofre,
O faça tilintar os guizos da tortura
Até que o mundo o esqueça
E mais ninguém o chore.


José Carlos Ary dos Santos, A Liturgia do Sangue (1963) / Obra Poética, edição de Francisco Melo, 6.ª edição, Lisboa, Edições «Avente!», 2002.
(lido na sessão de 4.ª feira, 19 de Novembro de 2014)

10 de dezembro de 2014

LEITURAS DAS QUARTAS-FEIRAS...

«Lhe entrego dinheiro, prometo, tenho muito dinheiro fora. Não duvide: são cifras, maquias e quantidades. Tenho e tenho. E dou-lhe tudo, totalmente. Mas me traga chuva, uma porção de chuva boa, grossa e gorda. Estou doido? Por causa de querer que chova aqui, dentro da prisão? Pode ser, pode ser loucura. Mas a loucura é a única que gosta de mim. O senhor que é um inventador de realidades, me faça esse favor. Me invente, rápido, uma urgente chuvinha.
Antigamente, valia a pena ser preso. O cantinho da prisão nem era mau, comparado com o mundo que nos cabia, lá fora. Falo sério. Maioria do que aprendi foi na prisão. Ler, escrever: foi na prisão que me letrinhei. Minha vida era uma roda-ronda entre roubo e grades. Me prendiam: era um consolo cheio de sossego. Lá fora ficava o mundo, mais suas doenças, suas nauseabundâncias.»

(Do conto "A última chuva do prisioneiro")





de Jane Austen

«As minhas filhas começam agora a exigir a minha atenção de um modo algo diferente ao que têm sido acostumadas, uma vez que atingiram, neste preciso momento, aquela idade em que lhes é, de certa forma, necessário tornarem-se mais sociais e activas no mundo circundante. A minha Augusta perfez dezassete e a sua irmã mal é um ano mais nova. Posso congratular-me do facto de a sua educação não ter constituído tarefa árdua, não representando, portanto, a sua apresentação social, tenho razões para o crer, algum tipo de problema. Efectivamente, são raparigas doces: sensíveis, mas sem qualquer tipo de afectamento; realizadas, porém, fáceis no trato; carinhosas e, no entanto, vivas.»
início de «Um conjunto de cartas» [De uma mãe à sua amiga"], Amor e Amizade, tradução de Inês Fraga, Sassoeiros, Coisas de Ler, 2005, p.77.
(lido na sessão de quarta-feira, 19 de Novembro de 2014)

8 de dezembro de 2014

Tiago Salazar fala sobre PEQUENOS MUNDOS E VELHAS CIVILIZAÇÕES

«Ler Ferreira de Castro, 40 anos depois». No Museu Ferreira de Castro, sexta-feira, 12 de Dezembro, pelas 19 horas.
tel.: 219238828
 
capa de Roberto Nobre (1937)
 

2 de dezembro de 2014

QUEIXA E IMPRECAÇÕES DUM CONDENADO À MORTE, José Carlos Ary dos Santos

Por existir me cegam,
Me estrangulam,
Me julgam,
Me condenam,
Me esfacelam.
Por me sonhar em vez de ser me insultam,
Por não dormir me culpam
E me dão o silêncio por carrasco
E a solidão por cela.
Por lhes falar, proíbem-me as palavras,
Por lhes doer, censuram-me o desejo
E marcam-me o destino a vergastadas
Pois não ousam morder o meu corpo de beijos.


Passo a passo os encontro no caminho
Que os Deuses e o sangue me traçaram.
E negando-me, bebem do meu vinho
E roubam um lugar na minha cama
E comem deste pão que as minhas mãos infames amassaram
Com angústia e com lama.


Passo a passo os encontro no caminho.
Mas eu sigo sozinho!
Dono dos ventos que me arremessaram,
Senhor dos tempos que me destruíram,
Herói dos homens que me derrubaram,
Macho das coisas que me possuíram.


Andando entre eles invento as passadas
Que hão-de em triunfo conduzir-me à morte
E as horas que sei que me estão contadas,
Deslumbram-me e correm, sem que isso me importe.


Sou eu que me chamo nas vozes que oiço,
Sou eu quem se ri nos dentes que ranjo,
Sou eu que me corto a mim mesmo no pescoço,
Sou eu que sou doido, sou eu que sou anjo.


Sou eu que passeio as correntes e as asas
Por sobre as cidades que vou destruindo,
Sou eu o incêndio que lhes devora as casas,
O ladrão que entra quando estão dormindo.


Sou eu quem de noite lhes perturba o sono,
Lhes frustra o amor, lhes aperta a garganta.
Sou eu que os enforco numa corda de sonho
Que apodrece e cai mal o sol se levanta.


Sou eu quem de dia lhes cicia o tédio,
O tédio que pensam, que bebem e comem,
O tédio de serem sem nenhum remédio
A perfeita imagem do que for um homem.


Sou eu que partindo aos poucos lhes deixo
Uma herança de pragas e animais nocivos.
Sou eu que morrendo lhes segredo o horror
De serem inúteis e ficarem vivos.



José Carlos Ary dos Santos, A Liturgia do Sangue (1963) / Obra Poética, edição de Francisco Melo, 6.ª edição, Lisboa, Edições «Avente!», 2002.
(lido na sessão de 4.ª feira, 19 de Novembro de 2014)

1 de dezembro de 2014

Woody Allen, 79


Woody Allen nasceu em Brooklyn, Nova Iorque, a 1 de Dezembro de 1935