25 de junho de 2019

VERGÍLIO FERREIRA, DE MELO


Para os que não puderam deslocar-se a Gouveia e Melo no passado sábado, aqui deixo uma pequena nota acerca do evento:

Participaram na jornada de intercâmbio sete magníficos (não temos culpa de termos sido sete)  membros ou confrades do Clube de Leitura Ferreira de Castro, de Sintra, e cerca de dez da Comunidade de Leitores de Gouveia.

Os pontos principais do programa foram:
1- Visita à aldeia de MELO, terra de naturalidade de Vergílio Ferreira, com um pequeno percurso/visita por/a alguns dos principais sítios ligados ao escritor, ou por ele evocados nas suas obras. Realço: a casa que os pais construíram depois de regressarem dos EUA, pelos vistos com um bom pé-de-meia porque a casa tem todo o ar de um bonito chalé, e que a CM de Gouveia adquiriu e pretende converter numa Casa-Museu ou de Cultura vergiliana; o Chão do Paço, ampla praça central da aldeia, toda ela convertida num espaço de evocação de VF, onde avultam uma estátua dele e um conjunto escultórico evocativo e várias inscrições com excertos de escritos e dados biográficos do escritor; a capela da Misericórdia, monumento creio que medieval, na sua origem, que só por si justifica uma visita a Melo; a igreja matriz e respectivo presbitério. A aldeia está pejada de placas, de belo gosto estético, com excertos vergilianos alusivos aos diferentes sítios e edifícios.
2 - Almoço opíparo no restaurante Fonte dos Namorados (não pudemos vislumbrar nenhum casalinho, talvez porque lhes reservem recantos adequados...)
3 - Discussão do romance APARIÇÃO, na já referida Capela da Misericórdia. Participada e rica, a discussão. Pena que não tivesse haviso mais tempo...
4 - Visita à Biblioteca Municipal de Gouveia, onde se "sente" também com intensidade a "presença" tutelar do mais distinto filho da terra.

Gerou-se uma clara cumplicidade literária entre as duas comunidades de leitura e, penso poder adiantá-lo, ficou agendada para o dia 19 de Outubro pf a reedição do encontro em Sintra.





F.F.
   
  

3 de junho de 2019

AGUSTINA BESSA-LUÍS




A minha homenagem a uma grande Escritora e Cidadã que hoje deu o passo definitivo para a imortalidade.


"No Natal, o padrinho, que veio consoar com a madrinha, disse:
- Ema não tem namorado? - E deitou-lhe um olhar que a enxovalhava, que lhe rompia as entranhas como uma arma branca.
Ema pensou, pela primeira vez, que o casamento estava a preparar-se como uma nova condenação, como uma injustiça mais elaborada. Carmezim deu-lhe a notícia de que precisava de tomar as águas. Tinha o fígado avariado, era o termo que usava, como se se referisse a uma máquina, um motor que, de tempos a tempos, precisasse de reparação. Mas o que pretendia, no absoluto da sua vontade, odiosa apesar de afectar complacência e grandeza de alma (outro dos seus termos favoritos), era despertar na afilhada a perturbação sexual que iria resolver-se no casamento. A juventude, minada assim na sua substância equivalente à eternidade, teria que receber o golpe que não cicatriza mais; seria corrompida pelo desejo revelado; e a aventura humana começaria para Ema com todos os seus males do século, a ansiedade e o tema da senilidade. Convidou-a para os acompanhar às termas."

(Vale Abraão, Os Grandes Escritores Portugueses Planeta deAgostini, pag. 27-28)  

2 de junho de 2019

sem trabalho e sem abrigo

«Uma única ideia ocupava o seu cérebro vazio de operário sem trabalho e sem abrigo, -- a esperança de que o frio seria menos vivo depois do romper do dia.»  Émile Zola, Germenial [1885], tradução de Bel Adam, Lisboa, Biblioteca d'Educação Nova-Editora, 1903, p. 1.