26 de agosto de 2014

18 de agosto de 2014

ENQUANTO NÃO CHEGA "O RETORNO"...

"No verão de 18... ao declinar de um dia ardentíssimo, passeiava eu no espaçoso largo do Rocio, quando vi parar a cura distancia uma caleche e a pessoa que vinha dentro fazer-me um aceno para que me approximasse.
Era o meu particular amigo O... (que tratarei pelo nome de Carlos), conhecido nesta cidade pela elegância da sua figura e pela gentileza, não menos notável, do seu caracter.
- Vem dar um passeio até Bemfica, disse elle, abrindo a portinhola e convidando-me a tomar um logar à sua direita.
Acceitei de boa mente o offerecimento.
- Que tens feito? Desde que chegaste da provincia é a segunda vez que te vejo. Estiveste em Cintra?
- Não, tenho estado sempre em Lisboa.
- Vens do campo para te encerrares em casa na cidade?
- Pelo contrario, saio todos os dias e vou a todos os sitios.
- Mas que sitios são esses? Eu appareço em todos onde se reune gente e não te vejo em nenhum.
Sorrio-se como quem fosse apanhado n'uma ingenua fraude e depois continuou:
- É verdade, não tenho frequentado o Marrare, o theatro, o passeio, nem a casa da neve.
- O que equivale a dizer que não vaes a parte nenhuma onde se encontre alguem conhecido. Estarás tu apaixonado!
- E se assim fosse, o que dizias?
- Que era uma desgraça como outra qualquer.
- E a peior de todas as desgraças.
.... ....  "