CANTIGA
Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura;
vai formosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamalote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura;
Vai formosa, e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro o trançado,
Fita de cor de encarnado.
Tão linda que o mundo espanta;
Chove nela graça tanta
Que dá graça à formosura;
Vai formosa e não segura.
LUÍS DE CAMÕES
Camões é (muito) mais conhecido pelos Lusíadas. Talvez justamente.
ResponderEliminarMas eu tendo a admirar nele mais a poesia lírica que a epopeia. Em Camões, cada soneto, cada elegia, cada redondilha é uma obra prima.
Também prefiro o Camões lírico.
EliminarImortal, de facto.
ResponderEliminar"Leonorana", de Ana Hatherly, variação II:
ResponderEliminarquando leonor pela manhã estava nua
acorda e sente essa verdura irmã da
formosura das fontes e verdura
estende o pé e pisa o chão descalça
(...)
etc.
O Laurindo antecipou o meu comentário: resta-me subscrever.
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