28 de julho de 2011

epígrafe dum livro inventado

Deixa-te levar pela criança que foste
O Livro dos Conselhos
(criada por José Saramago para As Pequenas Memórias)

27 de julho de 2011

e assim começa O JOGADOR

Finalmente regressei da minha ausência de duas semanas. Havia já três dias que o nosso grupo estava em Roletenburgo. Eu pensava que eles esperavam por mim com uma impaciência que só Deus sabe, mas estava enganado. O general olhou-me com extrema indiferença, falou comigo com arrogância e mandou-me ir ter com a sua irmã. Era evidente que eles tinham arranjado dinheiro em qualquer parte. Até me pareceu que o general tinha um certa vergonha de olhar para mim. Maria Filíppovna andava extremamente ocupada e quase não falou comigo, mas no entanto aceitou o dinheiro, contou-o e escutou todo o meu relatório. Para o jantar esperavam Mezentsov, o francezinho e um qualquer inglês; como é costume, assim que há algum dinheiro organiza-se logo um jantar: tal como em Moscovo. Polina Aleksándrovna, quando me viu, perguntou porque me demorei tanto e desapareceu sem esperar resposta. É claro que o fez de propósito. No entanto, precisamos de ter uma explicação. Há muitas coisas acumuladas.

Fiódor Dostoieveski, O Jogador, tradução e notas de António Pescada, Lisboa, Biblioteca Editores Independentes #19, 2007, p. 7. 

a nossa equipa

Fiódor Dostoievski

26 de julho de 2011

resenha de 2009 (11 e final)

George Orwell, O Triunfo dos Porcos (Dezembro). Uma fábula política; uma sátira impiedosa do totalitarismo estalinista.

resenha de 2009 (10)

Teolinda Gersão, Histórias de Ver e Andar (Novembro). Um estilo pouco apelativo, mas, por vezes, o sentido perfeito da short story.

resenha de 2009 (9)

O Livro de Cesário Verde (Outubro). O livro do nosso poeta mais moderno.

resenha de 2009 (8)

Miguel Torga, Bichos (Setembro) Outro livro ímpar. A condição humana nas acções e reacções dos animais & outros bichos.

resenha de 2009 (7)

Ferreira de Castro, A Selva (Julho). Um enorme romance, escrito com a cabeça e com as entranhas. Único na nossa literatura. Um espantoso texto: «Pequena história de "A Selva"». 

resenha de 2009 (6)

Carlos Ceia, O Professor Sentado (Junho). Uma sátira à escrita pela escrita; a ridicularização do meio literário, que o é também da literatura. Como romance, falhado.

25 de julho de 2011

resenha de 2009 (5)

Javier Cercas, A Velocidade da Luz (Maio). Uma celebração da escrita; um libelo anti-guerra (o idealista que no cenário de guerra é tão irracionalmente criminoso quanto os belicistas).

a nossa equipa

Javier Cercas

24 de julho de 2011

e assim começa IMPÉRIO À DERIVA

A 25 de Setembro de 1807, uma carruagem corria pelas ruas mal empedradas de Lisboa. Depois de percorrer as colinas que rodeavam o porto, saiu para campo aberto e começou a chocalhar através de prados e pomares de citrinos. Sentado na cabina ia o nobre irlandês de vinte e sete anos Percy Clinton Sydney Smythe, sexto visconde de Strangford, o enviado da Inglaterra em Lisboa. Enquanto a carruagem se dirigia para norte, Strangford trabalhava em maços de correspondência diplomática espalhados no colo -- cartas de Jorge III, recomendações do secretário dos negócios estrangeiros britânicos, George Canning, e do seu congénere português, António de Araújo -- preparando o mais crucial encontro da sua carreira. Em percursos mais planos da estrada, tomava notas ou fazia comentários nas margens dos seus papéis e no resto do tempo ensaiava mentalmente o que planeara dizer quando estivesse cara a cara com o príncipe regente de Portugal, D. João.

Patrick Wilcken, Império à Deriva -- A Corte Portuguesa no Rio de Janeiro (1808-1821), tradução de António Costa,9.ª edição, Porto, Civilização Editora, 2007, p. 21.

a nossa equipa

Patrick Wilcken

23 de julho de 2011

e assim, em 1928, mudava de ponto de vista o romance português

A personagem arquetípica, a "personagem-multidão", como Castro caracterizou o seu Manuel da Bouça, o romance de intenções revolucionárias, a luta de classes -- tudo o que viria a designar-se por neo-realismo, exceptuando o vínculo ao PCP, porque o anarquismo inspirado em Kropótkin era pouco compatível com o autoritarismo de  Marx e de Lénin -- está neste romance, e vigorou hegemonicamente durante vinte anos, até à Aparição, de Vergílio Ferreira, de 1949, ano em que Ferreira de Castro, após A Lã e a Neve (1947), aparenta mudar, escrevendo A Curva da Estrada, publicado no ano seguinte:

     «[...] Nasce o homem e, se não dispõe de riqueza acumulada pelos seus maiores, fica a mais no Mundo. Entra na vida -- já se disse e é bem certo -- para a luta! Luta para criar o seu lugar, luta contra os outros homens, luta pelas coisas mesquinhas e não pelas verdadeiramente nobres, por aquelas que contribuiriam para uma maior elevação humana. Para essas quase não há tempo de existência de cada um.
           / [...] /
     Biógrafos que somos das personagens que não têm lugar no Mundo, imprimimos neste livro despretensiosa história de homens que, sujeitos a todas as vicissitudes provenientes da sua própria condição, transitam de uma banda a outra dos oceanos, na mira de poderem também, um dia, saborear aqueles frutos de oiro que outros homens, muitas vezes sem esforço de maior, colhem às mãos cheias.»

     Ferreira de Castro, do «Pórtico» de Emigrantes, 28.ª edição, Lisboa, Guimarães Editores, 1988.

21 de julho de 2011

uma epígrafe de Cervantes

Heles dado el nombre de ejemplares, y si bien lo miras no hay ninguna de quien no se pueda sacar un ejemplo.

(aposta por Sophia de Mello Breyner Andresen aos Contos Exemplares)

20 de julho de 2011

resenha de 2009 (4)

V. S. Naipaul, Uma Vida pela Metade (Abril). Percebe-se que é um grande escritor, mas neste livro parece-me ficar aquém. O desenraizamento do protagonista, Willy, alia-se ao ambiente crepuscular do império colonial português. Um livro desconfortável.

a nossa equipa

V. S. Naipaul

18 de julho de 2011

 
 
Pode-se escrever sem ortografia
Pode-se escrever sem sintaxe
Pode-se escrever sem português
Pode-se escrever numa língua sem se saber essa língua
Pode-se escrever sem saber escrever
Pode-se pegar na caneta sem haver escrita
Pode-se escrever na escrita sem haver caneta
Pode-se pegar na caneta sem haver caneta
Pode-se escrever sem caneta
Pode-se sem caneta escrever caneta
Pode-se sem escrever escrever plume
Pode-se escrever sem escrever
Pode-se escrever sem sabermos nada
Pode-se escrever nada sem sabermos
Pode-se escrever sabermos sem nada
Pode-se escrever nada
Pode-se escrever com nada
Pode-se escrever sem nada

Pode-se não escrever

Pedro Oom," A Intervenção Surrealista"
 
(lido na sessão de 1 de Julho de 2011)

17 de julho de 2011

uma epígrafe de Edna O'Brien

O corpo contém, tanto como o cérebro, a história da vida.

(epígrafe escolhida por Philip Roth para O Animal Moribundo).

NOCTURNO, Antero de Quental

Espírito que passas, quando o vento
Adormece no mar e surge a lua,
Filho esquivo da noite que flutua,
Tu só entendes bem o meu tormento...

Como um canto longínquo -- triste e lento --
Que voga e subtilmente se insinua,
Sobre o meu coração, que tumultua,
Tu vertes pouco a pouco o esquecimento...

A ti confio o sonho em que me leva
Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando entre visões, o eterno Bem.

E tu entendes o meu mal sem nome,
A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, Génio da Noite, e mais ninguém!

Poesia da Noite, selecção e prefácio de Urbano Tavares Rodrigues, Lisboa, Neo-farmacêutica, 1970, p. 21. 


(lido na sessão de 4 de Fevereiro de 2011)

a nossa equipa

Antero de Quental, retratado por Columbano Bordalo Pinheiro

16 de julho de 2011

resenha de 2009 (3)

Trindade Coelho, Os meus Amores (Março). Um estilo correcto e sereno; contos serenos e correctos. Por vezes, alguma tensão desponta no idílio de província que nos tenta ser transmitido. Um livro de outro tempo.

a nossa equipa

Trindade Coelho por Rafael Bordalo Pinheiro

15 de julho de 2011

resenha de 2009 (2)

Fostu Tu que Me Escreveste de Sintra?, Carlos Daniel (Fevereiro). O prazer de falar dum livro com o seu autor. Um livro de estreia. Apontar as revelações, os defeitos, as insuficiências e falhas de edição. O gosto de verificar que é alguém com coisas para dizer, e que o quer fazer, errando menos, errando melhor.

14 de julho de 2011

Discurso de Aceitação do Prémio Nobel

As the Laureate was unable to be present at the Nobel Banquet at the City Hall in Stockholm, December 10, 1954, the speech was read by John C. Cabot, United States Ambassador to Sweden.

 
«Having no facility for speech-making and no command of oratory nor any domination of rhetoric, I wish to thank the administrators of the generosity of Alfred Nobel for this Prize.

No writer who knows the great writers who did not receive the Prize can accept it other than with humility. There is no need to list these writers. Everyone here may make his own list according to his knowledge and his conscience.

It would be impossible for me to ask the Ambassador of my country to read a speech in which a writer said all of the things which are in his heart. Things may not be immediately discernible in what a man writes, and in this sometimes he is fortunate; but eventually they are quite clear and by these and the degree of alchemy that he possesses he will endure or be forgotten.

Writing, at its best, is a lonely life. Organizations for writers palliate the writer's loneliness but I doubt if they improve his writing. He grows in public stature as he sheds his loneliness and often his work deteriorates. For he does his work alone and if he is a good enough writer he must face eternity, or the lack of it, each day.

For a true writer each book should be a new beginning where he tries again for something that is beyond attainment. He should always try for something that has never been done or that others have tried and failed. Then sometimes, with great luck, he will succeed.

How simple the writing of literature would be if it were only necessary to write in another way what has been well written. It is because we have had such great writers in the past that a writer is driven far out past where he can go, out to where no one can help him.

I have spoken too long for a writer. A writer should write what he has to say and not speak it. Again I thank you.»



Prior to the speech, H.S. Nyberg, Member of the Swedish Academy, made the following comment: «Another deep regret is that the winner of this year's Nobel Prize in Literature, Mr. Ernest Hemingway, on account of ill health has to be absent from our celebration. We wish to express our admiration for the eagle eye with which he has observed, and for the accuracy with which he has interpreted the human existence of our turbulent times; also for the admirable restraint with which he has described their naked struggle. The human problems which he has treated are relevant to all of us, living as we do in the confused conditions of modern life; and few authors have exercised such a wide influence on contemporary literature in all countries. It is our sincere hope that he will soon recover health and strength in pursuit of his life-work.»

From Nobel Lectures, Literature 1901-1967, Editor Horst Frenz, Elsevier Publishing Company, Amsterdam, 1969



Copyright © The Nobel Foundation 1954
 
MLA style: "Ernest Hemingway - Banquet Speech". Nobelprize.org. 14 Jul 2011 http://nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/1954/hemingway-speech.html

Discurso da Entrega do Prémio Nobel da Literatura a Ernest Hemingay

Presentation Speech by Anders Österling, Permanent Secretary of the Swedish Academy

In our modern age, American authors have set their stamp more and more strongly on the general physiognomy of literature. Our generation in particular has, during the last few decades, seen a reorientation of literary interest which implies not only a temporary change in the market but, indeed, a shifting of the mental horizon, with far-reaching consequences. All these swiftly rising new authors from the United States, whose names we now recognize as stimulating signals, had one thing in common: they took full advantage of the Americanism to which they were born. And the European public greeted them with enthusiasm; it was the general wish that Americans should write as Americans, thereby making their own contribution to the contest in the international arena.

One of these pioneers is the author who is now the focus of attention. It is hardly an exaggeration to say that Ernest Hemingway, more than any of his American colleagues, makes us feel we are confronted by a still young nation which seeks and finds its exact form of expression. A dramatic tempo and sharp curves have also characterized Hemingway's own existence, in many ways so unlike that of the average literary man. With him, this vital energy goes its own way, independent of the pessimism and the disillusionment so typical of the age. Hemingway evolved his style in the herd school of journalistic reporting. In the editorial office of the Kansas City newspaper where he served his apprenticeship, there was a kind of pressman's catechism, the first dictum of which was: «Use short sentences. Use short paragraphs.» Hemingway's purely technical training clearly led to an artistic self-discipline of uncommon strength. Rhetoric, he has said, is merely the blue sparks from the dynamo. His master in older American literature was Mark Twain in Huckleberry Finn, with its rhythmical stream of direct and unconventional narrative prose.

The young journalist from Illinois was flung headlong into the First World War when he volunteered to serve as an ambulance driver in Italy, where he received his baptism of fire at the Piave front and was severely wounded by shell splinters. The nineteen-year-old's first violent experience of war is an essential factor in Hemingway's biography. Not that he was daunted by it; on the contrary, he found that it was a priceless asset for a writer to see war at first hand - like Tolstoy at Sevastopol - and to be able to depict it truthfully. Several years were to elapse, however, before he could bring himself to give an artistically complete account of his painfully confused impressions from the Piave front in 1918: the result was the novel A Farewell to Arms in 1929, with which he really made his name, even if two very talented books with a European post-war setting, In Our Time (1942) and The Sun Also Rises (1926), had already given proof of his individuality as a storyteller. In the following years, his instinctive predilection for harrowing scenes of action and grim spectacle drew him to Africa with its big-game hunting and to Spain with its bullfighting. When the latter country was transformed into a theatre of war, he found inspiration there for his second significant novel, For Whom the Bell Tolls (1940), in which an American champion of liberty fights for «man's dignity» - a book in which the writer's personal feelings seem more deeply involved than anywhere else.

When mentioning these principal elements in his production, one should not forget that his narrative skill often attains its highest point when cast in a smaller mould, in the laconic, drastically pruned short story, which, with a unique combination of simplicity and precision, nails its theme into our consciousness so that every blow tells. Such a masterpiece, more than any other, is The Old Man and the Sea (1952), the unforgettable story of an old Cuban fisherman's duel with a huge swordfish in the Atlantic. Within the frame of a sporting tale, a moving perspective of man's destiny is opened up; the story is a tribute to the fighting spirit, which does not give in even if the material gain is nil, a tribute to the moral victory in the midst of defeat. The drama is enacted before our eyes, hour by hour, allowing the robust details to accumulate and take on momentous significance. «But man is not made for defeat», the book says. «A man can be destroyed but not defeated.»

It may be true that Hemingway's earlier writings display brutal, cynical, and callous sides which may be considered at variance with the Nobel Prize's requirement for a work of an ideal tendency. But on the other hand, he also possesses a heroic pathos which forms the basic element in his awareness of life, a manly love of danger and adventure with a natural admiration for every individual who fights the good fight in a world of reality overshadowed by violence and death. In any event, this is the positive side of his cult of manliness, which otherwise is apt to become demonstrative, thereby defeating its own ends. It should be remembered, however, that courage is Hemingway's central theme - the bearing of one who is put to the test and who steels himself to meet the cold cruelty of existence, without, by so doing, repudiating the great and generous moments.

On the other hand, Hemingway is not one of those authors who write to illustrate theses and principles of one kind or another. A descriptive writer must be objective and not try to play God the Father - this he learned while still in the editorial office in Kansas City. That is why he can conceive of war as a tragic fate having a decisive effect on the whole of his generation; but he views it with a calm realism, void of illusion, which disdains all emotional comment, a disciplined objectivity, stronger because it is hard-won.

Hemingway's significance as one of this epoch's great moulders of style is apparent in both American and European narrative art over the past twenty-five years, chiefly in the vivid dialogue and the verbal thrust and parry, in which he has set a standard as easy to imitate as it is difficult to attain. With masterly skill he reproduces all the nuances of the spoken word, as well as those pauses in which thought stands still and the nervous mechanism is thrown out of gear. It may sometimes sound like small talk, but it is not trivial when one gets to know his method. He prefers to leave the work of psychological reflection to his readers, and this freedom is of great benefit to him in spontaneous observation.

When one surveys Hemingway's production, definite scenes flare up in the memory - Lieutenant Henry's flight in the rain and mud after the panic at Caporetto, the desperate blowing up of the bridge in the Spanish mountains when Jordan sacrifices his life, or the old fisherman's solitary fight with the sharks in the nocturnal glow of lights from Havana.

Moreover, one may trace a distinctive linking thread - let us say a symbolic warp reaching back a hundred years in the loom of time - between Hemingway's latest work, The Old Man and The Sea, and one of the classic creations of American literature, Herman Melville's novel Moby Dick, the white whale who is pursued in blind rage by his enemy, the monomaniac sea captain. Neither Melville nor Hemingway wanted to create an allegory; the salt ocean depths with all their monsters are sufficiently rewarding as a poetic element. But with different means, those of romanticism and of realism, they both attain the same theme - a man's capacity of endurance and, if need be, of at least daring the impossible. «A man can be destroyed but not defeated.»

This year's Nobel Prize in Literature has therefore been awarded to one of the great authors of our time, one of those who, honestly and undauntedly, reproduces genuine features in the hard countenance of the age. Hemingway, now fifty-six years old, is the fifth American author so far to be honoured in this way. As the Prize winner himself is unfortunately unable to be present for reasons of health, the Prize will now be handed to the United States Ambassador.

From Nobel Lectures, Literature 1901-1967, Editor Horst Frenz, Elsevier Publishing Company, Amsterdam, 1969

Copyright © The Nobel Foundation 1954
 
MLA style: "Nobelprize.org". Nobelprize.org. 14 Jul 2011 http://nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/1954/press.html

resenha de 2009 (1)

Na última sessão de 2009 escrevi um resenha do ano, coisa que não fizera em 2008, nem tornei a fazer. Não cheguei a lê-la, porque se a memória não me falha, essa foi uma sessão muito concorrida, e o tempo esgotou-se.
Trago-a agora para aqui, aos bocados.

O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway (Janeiro). Relato pungente da luta do velho pelo último grande peixe. O respeito do homem pelo animal, possivelmente como sucede entre touro e toureiro. Como alguém notou: uma metáfora do próprio acto de escrever. Um livro de despedida.  

a nossa equipa

Ernest Hemingway, fotografado por Yousuf Karsh

um soneto de Camões*

Doce sonho, suave e soberano
        Se por mais longo tempo me durara!
        Ah! quem de sonho tal nunca acordara,
        Pois havia de ver tal desengano!
Ah! deleitoso bem! ah! doce engano!
        Se por mais largo espaço me enganara!
        Se então a vida mísera acabara,
        De alegria e prazer morrera ufano,
Ditoso, não estando em mim, pois tive
        Dormindo, o que acordado ter quisera.
        Olhai com que me paga meu destino!
Enfim, fora de mim ditoso estive.
        Em mentiras ter dita, razão era,
        Pois sempre nas verdades fui mofino.

Urbano Tavares Rodrigues (introdução e selecção), Poesia da Noite, Lisboa, Neo-Farmacêutica, 1970, p. 15.


* Lido na sessão de 4 de Fevereiro de 2011.

a nossa equipa

Luís de Camões. Retrato coevo por Fernão Gomes

consciência de si

Alguns escritores nasceram unicamente para ajudar outro escritor a escrever uma única frase.

Ernest Hemingway, As Verdes Colinas de África, tradução de Guilherme de Castilho, Lisboa, Livros do Brasil, p. 29.

13 de julho de 2011

a nossa equipa

Ferreira de Castro, c. 1930, fotografado por San-Payo.

Bem-vindos!

Este é um novo espaço de partilha de ideias e de sugestões de leitura. Surgiu como vontade de registar algumas das partilhas realizadas no âmbito das sessões do Clube de Leitura do Museu Ferreira de Castro.
A Curva Dos Livros será construída com as contribuições dos participantes no Clube de Leitura com textos próprios, citações, sugestões de leitura, de filmes, de música, e muitas outras curiosidades.
Esoeramos que este seja um incentivio, não só a visitarem-nos on line, mas, sobretudo, a partilharem as vossas opiniões e perspectivas na primeira sexta-feira de cada mês, pelas 21 horas, no Museu Ferreira de Castro.
Esperamos por vós,
E Boas Leituras!