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8 de janeiro de 2024

INSOLÚVEL FLAUTIM - notas breves

 

Há sempre um esgar quando pego num livro de poesia. Quando abri este, para folhear, a careta foi mais amena, suavizada pela recordação da leitura de Cadernos do Verão que o confrade, Manuel Nunes, tinha escrito antes.
O espreitar levou-me de rajada até à página 40. Para quem repete não gostar de poesia…
Depois de ter chegado ao fim, como leitor comprometido, rumei ao princípio para uma análise crítica, tendo acabado por concluir que a larga maior parte dos poemas me diziam alguma coisa.
E porque é que apreciei? Umas vezes, por coincidência de linha de pensamento; outras, por achar graça, simplesmente; muitas vezes, as mensagens, explícitas e implícitas; ou referências a geografias também visitadas; fazer sorrir, enquanto lia; a ironia suave ou contundente; acicatar memórias.
Mais uma vez julguei que aquilo que faz bulir a imaginação e sentimento do autor é mais uma leitura sintónica, ou visitas culturais, lugares invocativos, mais raramente uma figura humana em si.
Não tenho a cultura poética abrangente da nossa confreira, Paula Silva, que afirmou encontrar-se aqui a melhor poesia contemporânea publicada, mas, se até eu gostei, é porque vale mesmo a pena a leitura.

5 de janeiro de 2024

os nossos livros

 Por aqui, não se lê apenas, escreve-se de diferentes maneiras. . Por isso, o que já deveria ter sido feito, acontece agora. Publicita-se os nossos livros (se não fromos nós...), agora na coluna da direita. Creio que não falta ninguém...














6 de outubro de 2023

pressupostos de uma antologia de poesia portuguesa (sécs. XII-XXI), pessoal, "solitária" e exclusiva

 Alguns de nós, confrades do Clube de Leitura do Museu Ferreira de Castro, ao retomarmos um velho hábito de trazer um poema para ler no final de cada sessão, desafiámo-nos a construir cada um uma antologia poética, prática que no meu caso é um vício antigo.

O desafio já foi aceite, com pundonor, pelo nossa confrade Manuel Matos Nunes, também ele poeta, arremessando já 3-poemas-3 às cabeças dos leitores, de uma antologia em construção intitulada Poesia em Língua Portuguesa, século XX, que não pudera começar melhor.

Para quem como eu já leu milhares de poemas e tem outros tantos para ler, uma antologia minimamente criteriosa pode ser uma lida insana e até impossível -- a não ser que ela se assuma como "antologia pessoal, 'solitária' e exclusiva".

Embora nenhum autor se repita, trata-se de uma antologia de poemas e não de poetas, o que significará que haverá grandes vates, tantos!, que não marcarão aqui presença, e outros que aqui estarão, ao lado de nomes menos conhecidos, muitos deles de segunda linha, alguns menores, até. O que me interessou foi fazer uma lista de poemas que me emocionam e não compor um ramalhete by the book, com todos os nomes grados que nunca poderiam faltar. Disso já há para aí muito. Como afirmou algures Jorge Luis Borges, um verso sublime pode sair da mão de um poeta menor, e mesmo um grande poema, acrescentaria eu.

Como sondagem representativa da poesia portuguesa, a minha antologia valerá zero, ou quase; como testemunho de uma preferência estética e de uma sensibilidade, valerá cem, ou perto disso.

A antologia é solitária, porque não quis ser influenciado na escolha, não porque me desgoste debater com quem tem as mesmas, ou outras, afinidades.. Será até possível que um mesmo poema apareça em diferentes antologias que aqui se farão, nada mais natural e previsível.

É também exclusiva, porque gratamente exclui. Repetindo-me: haverá ausências que seriam inadmissíveis numa antologia representativa da poesia portuguesa e presenças que só num exercício destes têm cabimento. Não vou, com pena, incluir poetas brasileiros. Uma antologia de 50 ou 100 poemas de outros tantos poetas já é suficientemente insensato, para ainda afunilar mais. Um dia, quem sabe? Talvez precedida de outra, apenas de autores do país que para ali criámos, onde, aliás, tenho raízes. Mas vou incluir autores africanos que a certa altura da vida deixaram de ser portugueses para abraçarem a sua nova nacionalidade. Faço-o, não por qualquer sentimento de paternalismo colonial serôdio, bem pelo contrário!; antes como forma de orgulho e reconhecimento àqueles que lutaram e poetaram a sua liberdade, conseguindo com isso também a nossa, fará 50 anos, em 2024.

Para terminar: espero que gostem e que não gostem também; que leiam e, se vos apetecer, comentem. Amanhã sairá o primeiro, é medieval, e o poeta talvez nem fosse português.

Ricardo António Alves