4 de dezembro de 2016

o início de LILLIAS FRASER

«Lillias salvou-se da carnificina porque seis horas antes da batalha, viu o pai morto, como realmente ele haveria de morrer mais tarde.

Hélia Correia, Lllias Fraser [2001], Porto, Público-Mil Folhas, 2003.

23 de novembro de 2016

Ferreira de Castro na ETerna Biblioteca



Esta sexta, pelas 9,30 h, estarei no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra, a falar sobre Ferreira de Castro, quando se comemoram os cem anos da edição do seu primeiro livro. No sábado, também às 9,30 h farei o Roteiro Castriano de Sintra (inscrições fechadas).

14 de novembro de 2016

TERRA MÃE de Fernando Faria

Acabei a leitura: talvez cedo de mais, por não ter conseguido ir parando.
Se ler pode ser considerado um vício, o que acaba de me acontecer pode servir de exemplo; mas como se diz a um guloso refinado que pare de mastigar, quando se lhe coloca na mesa manjar de requinte?
Comecei a anotar textos para colocar aqui, como citações, mas acabei por selecionar tanta coisa que, concluí, mais vale ler o livro.
Só a lista dos capítulos tem mérito por si própria.
Desisti: não vou transcrever nada, mas não resisto a realçar a Ode de Outono e O Choro do Poço.
Se gosta de prosa que canta e que, apesar da perfeição rigorosa, desperta sensibilidade e nostalgia, e aviva a saudade, com ternura; em que o rigor e o pormenor da observação incentivam a risada solta e a lágrima espremida pelo sentir; onde a honestidade é omnipresente, a alma se adivinha, a vida aparece como sua; então leia: leia, saboreie e reviva, ou imagine apenas.
O título Terra Mãe chegou a ser escolha para aventura pessoal: perfeito para um livro, este, que eu gostaria de ter escrito e assinado.
Felicito-o mais uma vez, Fernando.

14 de outubro de 2016

Ano Ferreira de Castro







2016 ficará como um ano Ferreira de Castro, centenário da publicação do seu primeiro livro Criminoso por Ambição, uma obra juvenil. Estes quatro cartazes mostram talvez o mais importante do muito que se fez e ainda vai fazer durante este ano,

3 de setembro de 2016

o dia da morte de Ivan Turguénev

Turguénev por Vasily Pérov
 
Ivan Turguénev morreu em Bougival, arredores de Paris,
em 3 de Setembro de 1883

29 de agosto de 2016

o início de OS MEMORÁVEIS

«O antigo embaixador estava vestido de seda e, por estranho que pareça, o caminho que iria conduzir aos memoráveis teve início no copo de uísque escocês que andava nas suas mãos.»
 
Lídia Jorge, Os Memoráveis [2014], 4.ª ed., Lisboa, D. Quixote, 2016.

13 de agosto de 2016

A. M. Pires Cabral, 75


 
A. M. Pires Cabral nasceu em Chacim, Macedo de Cavaleiros, em 13 de Agosto de 1941



De A. M. Pires Cabral

2 de agosto de 2016

NOME DE GUERRA (Almada Negreiros)

Um estilo ginasticado, em que se reconhece, sem dificuldade, a escrita de Almada, tanto em prosa como na própria poesia. Esse estilo é mesmo o que salva o livro, hoje, em 2016, pois se o confronto entre o real e o ideal, entre indivíduo e sociedade, entre irreverência e conformismo (ou rebeldia e domesticação) são temas de sempre, o pano de fundo é mais do que circunscrito, como não podia deixar de ser, provavelmente. 
Grande livro em 1925, ano em que foi escrito, mas não editado, o que ocorreria só em 1938, pelas mão de João Gaspar Simões -- e por essa altura já não tão grande, uma vez que, entretanto, se publicara o Elói, ou Romance numa Cabeça, do mesmo JGS, o Jogo da Cabra Cega, de José Régio, e Sedução, de José Marmelo e Silva -- embora nenhum deles seja, ou fosse, Almada.
Tomarmos Nome de Guerra, nos dias de agora como obra-prima, será manifesto exagero, o que não significa que tenha deixado de ser um excelente, digamos, romance. A minha  obra-prima de Almada, poderá ser, talvez, a Cena do Ódio. Mas a literatura escapa-se-nos, e sempre será mais do que entusiasmos e embirrações particulares. E ainda bem.

29 de junho de 2016

O dia da morte de Ferreira de Castro


Ferreira de Castro morreu no Hospital de Santo António, no Porto,
em 29 de Junho de 1974

27 de junho de 2016

sobre «As Primeiras Coisas», de Bruno Vieira Amaral

Um universo: o Bairro Amélia, subúrbio da Margem Sul, onde vive ou vegeta, crê ou ludibria, trabalha ou madraça, ri e chora, ama e odeia uma comunidade formada por retornados das Colónias, realojados doutras paragens, pequenos funcionários públicos.
Escrito com enorme mestria, usando de ironia raramente distanciada, é daqueles livros cuja leitura tentamos retardar, por não querermos que termine. A observação de Pedro Mexia na contracapa é certeiríssima: "Bruno Vieira Amaral tem o génio do detalhe." A própria estrutura narrativa foi, para mim, uma coisa inteiramente nova. Do autor fiquei freguês.
  (da minha página do Goorreads: https://www.goodreads.com/user/show/14856264-ricardo-alves)

21 de junho de 2016

18 de junho de 2016

O dia da morte de Saramago


José Saramago morreu em Tías, ilha de Lanzarote,
18 de Junho de 2010

5 de junho de 2016

3 de junho de 2016

AS PRIMEIRAS COISAS


Um romance "sui generis" que o autor assume como tal desde a própria capa, mas que o leitor (ou pelo menos um leitor, eu) só descobre verdadeiramente quando começa a sentir-se irresistivelmente envolvido pelo pulsar incerto, mórbido, do Bairro Amélia, através do desfilar, aparentemente caótico, quase sempre triste e muitas vezes trágico dos seus personagens.
As Primeiras Coisas é uma obra literária de elevado quilate, uma garrafa de excelente licor, ou um pires de deliciosos biscoitos, que o leitor sorve e consome em pequeníssimas porções, para prolongar o prazer da leitura...
Bruno V. Amaral sabe espreitar para dentro das personagens, descobrir o essencial e o marcante delas e, depois, manejando a paleta com mestria, transformá-las em quadros de tocante beleza.

UM EXCERTO:
"... famílias de lágrimas nos olhos a agradecer ao senhor doutor professor que era tão bom, que dava casas ao povo e aumentava as reformas, o ridículo das melhores roupas, os vestidos de cerimónia, os casaquinhos de malha, fatos de fazenda, camisas brancas com surro na gola, os sapatos engraxados e tortos de caminhadas pelas pedras e lama da estrada, o palanque erguido à pressa, os seguranças a rodearem o senhor primeiro-ministro não fosse nenhum dos pobres bem-agradecido ao ponto de lhe assestar um beijo na face severa de seminarista neurasténico e já na altura com aquele perpétuo esgar que ninguém sabia dizer se de asco se de emoção."


(Fernando Faria)
 

O dia da morte de Kafka

Frank Kafka morreu em Klosterneuburg, Áustria,
a 3 de Junho de 1924

2 de junho de 2016

sobre «Que Importa a Fúria do Mar», de Ana Margarida de Carvalho (post 500...)

Romance de estreia, não parecendo tal, tal é o domínio da técnica romanesca demonstrado. Piscadelas de olho ao leitor, mais ou menos dissimuladas, um encorpado volume de referências literárias. personagens que ficam na memória -- que mais se pode pedir a um romance? Sem espanto, a atribuição do Grande Prémio de Romance e Novela da APE/2014.

(nota de leitura da minha página do Goodreads)

30 de maio de 2016

o dia da morte de Voltaire


François Marie Arouet, dito Voltaire, morre em Paris, a 30 de Maio de 1778

29 de maio de 2016

5 de maio de 2016

QUE IMPORTA A FÚRIA DO MAR

"Maria Silvestre, querida irmã:
Peço desculpa por esta carta que não te escrevo.
A caneta resvala-me dos dedos, escorrega-me a mão sobre o papel e deixo um borrão seguido de um traço sem firmeza, nem rota nem paradeiro. Saberás tu ler nas pregas desta linha incerta? Nesta nódoa de mosca esmagada, que já não voa e, ainda assim, arrasta o seu último fiozinho de vida, à deriva, largando esta desprezível impressão, hesitante e perplexa prova da sua vil existência?
Maria Silvestre, querida irmã, não te escrevo a dizer que já não volto a voar.
Encontro-me rebentado por dentro, todo eu sou chão, pregado a ele, neste colchão pantanoso feito de uma pasta de limos que já não vêm água há tanto tempo que nem atinam na consistência, ora acham que são capim seco, ora se tomam pelas giestas bravias da nossa infância. Às vezes, penso que é ela que me sustém, a água, traz-me a clemência de me manter à superfície. E vogo nesta jangada de limos apodrecidos, sobre as rugas das ondas num mar sem fúria"




(Clube de Leitura do Museu Ferreira de Castro - 6 de Maio de 2016 - 18 horas)

11 de abril de 2016

o dia da morte de Primo Levi

Primo Levi morreu na sua cidade de Turim, em casa, em consequência de uma queda,
a 11 de Abril de 1987.
Alguns especularam sobre a eventualidade de um suicídio.
Eli Wiesel arrumou, então, com o assunto,
irrelevante quando se fala do autor de Se Isto É um Homem:
«Primo Levi morreu em Auschwitz, há quarenta anos.»

4 de abril de 2016

Manteigas celebra Ferreira de Castro




A Câmara Municipal de Manteigas, para celebrar os "100 Anos da Vida Literária de Ferreira de Castro", organiza uma caminhada, em parte do percurso trilhado por Horácio e Serafim Caçador, quando, no final da tarde, se dirigiam de Manteigas para a Aldeia do Carvalho, na Covilhã ("A Lã e a Neve").
Oportunidade única para todos os que pretenderem conhecer este trajeto.
PROGRAMA
Manteigas - 24 de Abril (domingo; segunda-feira é feriado)
8H30 - Caminhada "A Lã e a Neve" (concentração frente à CM Manteigas)
1) Plantação de 100 árvores, evocativas dos "100 Anos da Vida Literária de Ferreira de Castro"
2) Almoço na serra
3) Palestra sobre o romancista, por Pedro Calheiros (Univ. Aveiro)
4) Inscrição obrigatória e até 20 Abril (5 Euros, inclui almoço): biblioteca@cm-manteigas.pt ou pessoalmente no Arquivo Municipal (tlf.: 275 980 000).

«[...] Passado o Fundo da Vila e vencido o rio, meteram, de lanterna acesa, à encosta em frente. Subindo o Pinhal, Serafim continuava a parolar sem descanso, como era de seu feitio. Já as luzes do povoado haviam desaparecido, quando eles ouviram, longinquamente, o relógio de Manteigas soltar oito horas, que reboaram, com vagar, pelo vale, imerso na escuridade, lá em baixo, atrás deles.», "A Lã e a Neve".

30 de março de 2016

UM PEQUENO EXCERTO...

"Os lojistas, tementes, baixavam os preços da fruta, nada cobravam por um quilo de ameixas de Santo António, o feijão catarino e as batatas-de-hortelã uma coisa de nada, receando que as mães do povo lhe invadissem os cubículos, os comerciantes de roupa ofereciam dois fatos cinzentos com camisa branca e gravata a quem comprasse um, ninguém comprava, fatos cinzentos ninguém comprava..."






... e até sexta!

28 de março de 2016

o dia da morte de Virginia Woolf

Virginia Woolf suicidou-se no rio Ouse, perto de Rodmel no Sussex,
em 28 de Março de 1941

18 de março de 2016

imagens de Linhas Entre Nós IV

(últimas)
"As Botas do Zé" é uma narrativa de sentimentos múltiplos, com eventual virtude de fazer amentar um rol de personagens que tentarei ir-lhe apresentando.

Recorda o dia em que António estreia os primeiros sapatos, e a Banda chega ao Valazedo? Adelino (AJ) e Joaquim (JJ), que entram em contenda, vinham fardados assim.
(Padre Parente, que conhecemos de outras histórias, aparece com a batuta de maestro).

Alguns anos depois, já António andava calçado e era músico brioso.
Aproveito a fotografia para lhe apresentar alguns dos personagens, principais e secundários, desta história e de "Água".

AdJ- Adelino Jorge; JqJ - Joaquim Jorge; PP- Padre Parente; AnJ- António Jorge; MnM- Manuel Marcos; JSJ- José Jorge; AnM- António Marcos; JAs- José Ascenção; JsA- José Ambrósio; JoM- João Marcos; JsM- José Marcos.

Um salto no conto vai levar-nos à ruela do Passadiço e à esquina da Igreja da Misericórdia, onde António, perseguido por se afoitar em freguesia alheia, em namoros atrevidos, clamou pelo socorro do "Muxano".

E o tempo passou: António "assentou do juízo", como se diz por Manteigas, casou-se, arranjou melhor emprego, engendrou o Zé, a Teresa pediu-lhe que fizesse uns sapatinhos para o menino, o antigo sapateiro aprimorou-se, e saiu obra perfeita. ("dignos do Menino Jesus", "dignos da montra do senhor Miguel Esteves").


A Milu, entretanto, escondida sob o fato da mãe, ia já dando conta das coisas.

17 de março de 2016

EÇA DE QUEIROZ E A RAINHA

«De Principes, só conheço o coração daquelles, tão raros! que foram poetas, como o meu gentil Charles d´Orléans, e que puzeram todo o seu coração em Randós e Villancetes. Depois, a presença angustiosa das misérias humanas, tanto velho sem lar, tanta creacinha sem pão, e a incapacidade ou indiferença de Monarchias e Republicas para realisar a unica obra urgente do mundo – «a casa para todos, o pão para todos», lentamente me tem tornado um vago anarchista entristecido, idealisador, humilde, inoffensivo… Anarchismo, mesmo vago; tristeza, mesmo philosophica; idealisação, mesmo escondida – não compõem um bom cortezão. Mas uma rainha gracieuse, bonne et belle, certamente me encanta. E, pois que o nosso pobre Mundo tanto necessita de doçura e bondade, sinceramente creio na vantagem social de que, por vezes, uma Rainha, irradie um pouco da sua doçura, da sua bondade, sobre os costumes, o espírito e as leis.» --- EÇA DE QUEIROZ, Notas Contemporâneas.
--- Confrontar com MIGUEL REAL, As Memórias Secretas da Rainha D. Amélia, capítulo "Julho - Os escritores"

16 de março de 2016

o dia da morte de Selma Lagerlöf

Selma Lagerlöf morreu na mesma casa de Marbacka em que nasceu,
na Varmaland (Noruega), em 16 de Março de 1940

15 de março de 2016

imagens de Linhas Entre Nós III

A Serra da Estrela, que abraça Manteigas pelo norte e pelo nascente, é o cenário mais importante de "Quem Bem Faz Para Si Faz" e de "Viril, Alto", numa evidência que o amor e o ódio, a paz e a guerra são frutos do homem e não da natureza.
Acompanhemos dois dos personagens discretos, os avós Manuel de Jesus e Maria José (na imagem, subindo a Rua do Eirô),
na visita a alguns dos locais referidos nas histórias.
Onde era o ermitério de São Lourenço,
ainda hoje podemos tentar o contacto com o sentimento do divino, convidados pela sua capela, à sombra de árvores seculares.
Já quase à entrada de Manteigas, a capela de Nossa Senhora de Fátima,
respeitosamente saudada pelo narrador da primeira história, que, pouco depois, entra na velha rua da Carreira
(onde teria morado Idalina, de A Lã e a Neve), a caminho de casa.

O planalto de Campo Romão,
chão regado pelo sangue da peleja entre lusitanos e romanos, que culminou na Fraga da Batalha,
está sobrejacente ao vale paradisíaco da Castanheira,
junto ao Munda (Mondego), que o nosso primeiro herói terá escolhido para habitar, a coberto das esculcas invasoras. Na margem direita (à esquerda, na foto) lhe terá sido prestada a homenagem final, com um grito uníssono da Lusitânia.
Convidativo, pela beleza indutora de paz, mantém um apelo a visita demorada.

13 de março de 2016

Mais Linhas Entre Nós

"- Ai é?! Mil litros?!
Passou-se a palavra, e a partir desse dia, a Josefa do Estêvão, a Maria José Marcos, a mulher do José Espanhol, a Antónia do Bernardo e outras vizinhas e amigas passaram a calcular, dia a dia, o consumo de água como se fosse azeite, (indo amparando com uns cântaros da fonte, para que os mil litros de direito dêem para comida, bebidas e lavagens, porque, para os trapos, o ribeiro leva muita, graças a Deus.) " in Linhas entre Nós, J. A. Marcos Serra, Ed. de autor, 2015, P. 58
  Tal como me desejou, José Serra, na sua dedicatória, a leitura deste livro trouxe-me verdadeiros momentos de prazer e motivação bastante para "ir conhecer a terra e serras lindas que lhe serviram de cenário."
  Diz Fernando Faria, que este livro é um verdadeiro tratado de antropologia pelo manancial de informações que nos traz. É verdade.
   Para mim, lisboeta de três costados, o "ir à terra" foi durante muito tempo algo insignificante e sem valor, pelo desconhecido a que a expressão me remetia. Até ao dia em que me tomei de amores por um Alentejano e finalmente, fui à terra. Apreendi então, outro mundo de cores, cheiros, sons, histórias de vida e costumes...E de algum modo senti-me ligada a tudo como se sempre tivesse feito parte de mim.
   Obrigada José, por todas as linhas que tanto me acrescentaram. Fiquei com saudades da terra!


Aqui fica um rabisco que fiz do José na sessão de leitura de A Missão.

Foi um comentário polémico o do José... ;)

11 de março de 2016

imagens de Linhas Entre Nós - II

O conto, O Senhor de Pera e Bigode,

além de uma história singela, pode ser um pequeno roteiro turístico local, que canta as belezas e grandiosidade da Serra da Estrela.
Acompanhe, antes de mais, a caminhada longa e paciente que Ti Simão faz, acompanhado do Fiel, subindo a encosta íngreme, de Manteigas até às proximidades do Seixo Branco (no mapa, em linha laranja).












Passará pelo Observatório Meteorológico (popularmente, Casa das Gadanhas), pela Casa da Fraga
 (primeiro Sanatório experimental, por iniciativa do Dr. Sousa Martins), com a Fraga da Cruz a impor-se, de vários ângulos, à sua admiração  curiosa e aventureira.
Do seu cume, a vila parece despenhada lá no fundo, depois de um voo no vazio: arrepie-se.
Acompanhará o pastor a ver o despertar do dia, com o sol a refletir-se no fraguedo das Penhas Douradas em refulgências inesquecíveis.















Sentir-se-á esmagado pelo volume ciclópico do Frade e Freira, perdidos na serrania, a contemplarem a Fraga da Cruz, ali perto, e o Fragão do Corvo, já vizinho da Villa Alzira, onde Afonso Costa se resguarda da voragem da política, em busca de paz e, quem sabe, de algum arrependimento, sucumbindo à dúvida que inquieta.
Naquela noite, depois da conversa com o pastor, saiu de casa, vigiado pela Dourada, sua cadela de estimação, subiu ao Fragão do Corvo, e, esmagado pela calote de estrelas e a visão bruxuleante de Manteigas, lá no fundão do Zêzere, (disse a guardiã), chorou.