25 de junho de 2018

12+12=12 - uma lista (im)possível, válida para agora

Fazer listas é-me tão agradável quanto insatisfatório, pelo que se deixa para trás. Remorsos.


No caso dum clube de leitura em que se participou em todas as sessões, vários, muitos, foram os livros já lidos, e mesmo relidos, noutras ocasiões. Noutros tantos casos -- provavelmente a maioria --, a leitura tornou-se revelação, pelo primeiro contacto com o texto, e por vezes com o próprio autor dele.


Estas evidências, características dum clube de leitura, suscitaram-me a seguinte reflexão: neste tipo de avaliações, mesmo (ou sempre) subjectivas, os livros não estão em igualdade de circunstâncias, pois se nunca somos a mesma pessoa -- o mesmo leitor -- que agora lê o outrora já lido,  uma coisa é conhecer, outra lembrar. Daí que, fazendo batota, tenha resolvido furar o esquema, e escolher os doze livros de que mais gostei, mas que já lera noutras ocasiões; e os doze livros cuja leitura fiz pela primeira vez no âmbito do Clube de Leitura do Museu Ferreira de Castro. E no fim, cruciado, fazer uma síntese das duas listas numa terceira.


A este drama pungente soma-se outra dificuldade: comecei por pensar não incluir mais do que uma obra por autor, mas tal opção iria prejudicar a minha avaliação relativamente aos livros do Ferreira de Castro, meu patrono (meu patrão), que assinou três dos romances que mais gostei ler na minha vida (e ainda uma novela), não contando com a importância histórica e literária que tiveram e têm na novelística portuguesa do século XX. Deixarei, porém, de fora esses critérios, credores dum cabedal demonstrativo -- se necessário fosse para os livros em causa -- e eventualmente argumentativo,  que seria descabido neste blogue.
Chega de conversa, não sem antes rematar informando que a ordem é unicamente a da data da primeira edição de cada título, e que a lista é válida para hoje. Amanhã (ou para a semana), poderia ser diferente...


Lista 1. 12 livros já lidos noutras ocasiões:


Lista 2. 12 livros lidos pela primeira vez no Clube de Leitura:


Lista 3. a lista impossível.


Assim,


Lista 1


1- O Livro de Cesário Verde (1887)
2- Húmus (1917), de Raul Brandão
3- O Malhadinhas (1922), de Aquilino Ribeiro
4- Emigrantes (1928), de Ferreira de Castro
5- A Selva (1930), de Ferreira de Castro
6- Vinte e Quatro Horas da Vida de uma Mulher (1935), de Stefan Zweig
7- Bichos (1940), de Miguel Torga
8- A Lã e a Neve (1947), de Ferreira de Castro
9- Barranco de Cegos (1961), de Alves Redol
10- O que Diz Molero (1977), de Dinis Machado
11- Na Patagónia (1977), de Bruce Chatwin
12- As Primeiras Coisas (2013), de Bruno Vieira Amaral


Lista 2


1- Nossa Senhora de Paris (1831), de Victor Hugo
2- As Pupilas do Senhor Reitor (1867), de Júlio Dinis
3- Platero e Eu (1914), de Juan Ramón Jimenez
4- Se Isto É um Homem (1947), de Primo Levi
5- Contos Exemplares (1962), de Sophia de Mello Breyner Andresen
6- Lavoura Arcaica (1974), de Raduan Nassar
7- A Guerra não Tem Rosto de Mulher (1985), de Svetlana Alexievich
8- Gente Feliz com Lágrimas (1988), de João de Melo
9- O Deus das Pequenas Coisas (1997), de Arundhati Roy
10- Império à Deriva (2004), de Patrick Wilcken
11- A Arte de Voar (2009) de Antonio Altarriba & Kim
12- Entre o Céu e a Terra (2012), de Rui Chafes


a lista impossível


1- O Livro de Cesário Verde (Outubro de 2009)
2- Platero e Eu (Junho de 2008)
3- Húmus (Julho de 2012)
4- O Malhadinhas(Junho de 2013)
5- Emigrantes (Maio de 2008)
6- A Selva (Julho de 2009)
7 - A Lã e a Neve (Fevereiro de 2014)
8 - Se Isto É um Homem (Janeiro de 2013)
9- Barranco de Cegos (Junho de 2014)
10- O Amor nos Tempos de Cólera (1985) (Março de 2014)
11- A Guerra não tem Rosto de Mulher (Setembro de 2017)
12- Gente Feliz com Lágrimas, João de Melo (Setembro de 2015)






24 de junho de 2018

Como nasce um Clube de Leitura

Que tem o cinema a ver com um Clube de Leitura?
Fui ver um filme inglês que nos conta a história de como nasceu um, durante a II Grande Guerra.
O título? (Pasmem!) "Guernsey - A Sociedade Literária da Tarte de Casca de Batata". Assim mesmo!
Imperdível? Não ficaremos com carências intelectuais se não virmos, mas a história, por causa do tema, pode dizer-nos um bocado mais do que aos restantes mortais que não leem.
Gostei da história, principalmente pela originalidade: fica a confissão.
E fiquei ainda mais agradado, quando, na ficha técnica, descobri um Bruno Martins como eletricista principal e um Tiago Faria noutra função com designação inglesa, que me escapou.
E agora (influência dos tempos e da sociedade) vou pedir uma comissão ao distribuidor (de que não fixei o nome).

20 de junho de 2018

Juan, Zenobia, Platero e Eu

Na senda de Cristóvão Colon, rumei a Moguer. Objetivo principal? O Mosteiro de Santa Clara, ligado à história do navegador, bastante provavelmente, português.
Mas - palavra tão pequena, quão tramada - descubro que Juan Ramón Jiménez nascera ali, e havia Casa-Museu a convidar para visita. Despromovi CC para segunda prioridade, e rumámos à casa do escritor, dedicada também à sua esposa Zenobia Camprubi.
Como só o conhecia através da leitura do livro dedicado ao famoso burrico - que tem estátuas por Moguer - e associado à poesia, a curiosidade era evidente.
A arrumação da casa está perfeita, organizada por temas: Sala Prólogo, Biblioteca Pessoal, Revistas, Escritório, Salinha, Quarto, Salão, Sala Platero e Pátio. Cada uma funciona como um capítulo sobre o autor e Zenobia: um resumo geral biográfico; três mil e quinhentos livros pessoais, com ex-libris, anotações pessoalíssimas e dedicatórias; sete mil revistas organizadas por temas; obra poética; pintura; elementos fotográficos e decorativos de cunho íntimo; traduções de Rabindranath Tagore - o milagre que o fez encontrar a que seria sua esposa; referências e dados relativos ao exílio, por alergia a Franco; traduções de Platero Y Yo, em todo o mundo - referiram que só a Bíblia e D. Quixote tiveram mais; pormenores de um pátio de casa grande, onde impera estátua de Platero e a sua sela.
Foi-lhe atribuído o Nobel em 1956.
Tenho de ler mais de J. R. Jiménez para o compreender, porque fiquei com a impressão de se tratar de um homem profundamente angustiado, que viveu suportado, primeiro, na alma do pai; depois na de Zenobia Camprubi e, só depois, na dele mesmo.
Não desejo alongar-me, pelo que refiro apenas uma curiosidade: no exílio da pátria, primeiro em Nova Iorque, sentiu-se duplamente banido, também da sua língua, tendo passado mesmo a recusar-se a falar inglês, ao aperceber-se de que, dentro de si, estava a sentir empobrecer a sua capacidade linguística em castelhano, sua ferramenta de trabalho, o que o levou a encaminhar-se para Porto Rico e Cuba, para suavizar a agrura e a perda.
Acabámos a visita no dia e hora em que começava o "meu" Clube de Leitura, em Sintra.
Depois, fui pedir informações a Platero... e não é que o jerico sabia quase cinquenta línguas diferentes!

17 de junho de 2018

E se forem 10 ou 11?

Mais vale tarde que nunca, disse não sei quem, e passámos a repetir com mais ou menos convicção.
Há livros que impactam; outros que sabem bem, mas esquecem depois: este desafio tem a virtude de nos levar a esgravatar no saco do natural esquecimento - a melhor das qualidades humanas, alguém opinou - em busca do que permaneceu mais tempo connosco.
Partilho, sem ordem premeditada:
SE ISTO É UM HOMEM
A GUERRA NÃO TEM ROSTO DE MULHER
A LÃ E A NEVE
NOSSA SENHORA DE PARIS
A MISSÃO
DOM CASMURRO
ÚLTIMAS PÁGINAS
O JUDEU
NATHAN, O SÁBIO
Para finalizar, uma confissão: tenho particular admiração pela forma cuidadosa, em rigor e gosto, com que o Confrade Fernando Faria escreve, pelo que refiro ainda, porque "ficaram cá", principalmente a TERRA MÃE e O NOVIÇO.
Missão cumprida.

15 de junho de 2018

a escolha da Maria José Carvalho

A pedido da Maria José Carvalho, posto a lista, com o seu esclarecimento prévio.

"Colaboro apenas desde setembro de 2015. Eis leituras preferidas entre as listadas até fins de 2018. Não hierarquizo por se situarem em diversos planos ... e não atinjo a dúzia:

Nathan, O Sábio, G. Lessing
Lavoura Arcaica, R. Nassar
A Arte de Voar, A. Altarriba e Kim
Que Importa a Fúria do Mar, A. M. de Carvalho
Os Despojos do Dia, K. Ishiguro
O Judeu, C. Castelo Branco"

11 de junho de 2018

Top 12 no Clube de Leitura do Museu Ferreira de Castro

Só cheguei ao Clube em Dezembro de 2015 e portanto muitos dos livros que por lá passaram eu não os li. No entanto, aqui vai a lista (sem ordem), do que li e mais gostei.

- Emigrantes, Ferreira de Castro
- O Jogador, Dostoievski
- O Velho e o Mar, Hemingway
- O Triunfo dos Porcos, G. Orwell
- Nó Cego, Carlos V. Ferraz
- Os Cus de Judas, Lobo Antunes
- Fahrenheit 451 - Ray Bradbury
- Os Capitães da Areia, Jorge Amado
- Se Isto é Um Homem, Primo Levi
- A Missão, Ferreira de Castro
- Que Importa a Fúria do Mar, Ana M. de Carvalho
- A Arte de Voar, Altarriba e Kim

6 de junho de 2018

TOP DOZE...


Em resposta ao repto do Ricardo, nosso mentor e líder, aqui fica, por ordem decrescente, a lista dos que, para mim, foram os doze melhores livros lidos no Clube de Leitura do Museu Ferreira de Castro (desde Junho de 2013, data em que aderi ao grupo):

1 - SIDHARTHA (Hermann Hesse)
2 - NENHUM OLHAR (José Luís Peixoto)
3 - BARRANCO DE CEGOS (Alves Redol)
4 - LAVOURA ARCAICA (Raduan Nassar)
5 - O AMOR NOS TEMPOS DE CÓLERA (G. Garcia Marquez)
6 - DOM CASMURRO (Machada de Assis)
7 - OS DESPOJOS DO DIA (Kasuo Ishiguro)
8 - A GUERRA NÃO TEM ROSTO DE MULHER (S. Alexievich)
9 - NATHAN O SÁBIO (G. E. Lessing)
10 - AS PRIMEIRAS COISAS (Bruno V. Amaral)
11 - O MALHADINHAS (Aquilino Ribeiro)
12 - MENDEL DOS LIVROS (Stefan Zweig)

Abraços

FF