28 de julho de 2020

De O DESERTO, com saudades

Férias em ambiente de paz e a ânsia de reler tudo o que me passou pelos olhos em anos mais inexperientes, levou-me a pegar em livro antigo de Manuel Ribeiro, O Deserto.
A primeira surpresa foi deparar com dedicatória de 1929 a Ruben de Carvalho. Nos meus arquivos de memória só consegui aceder a um homónimo que não existia nesta data; ainda tentei descobrir algum ascendente, mas não consegui.
Deixo o desafio para os meus confrades mais sabedores.
Depois a leitura, conhecendo eu o percurso de Manuel Ribeiro, desde as utopias anarcossindicalistas, às imposições bolcheviques, até aos ideais de um cristianismo idealista.
Faz pensar no contraste entre o que vivemos e o que poderíamos fazer da nossa vida e, se não tivesse tropeçado numa quantidade notável de "SES", iria a correr refugiar-me na Cartuxa de Miraflores, em Burgos, que já visitei com alma de turista estudioso, mas não suficientemente informado, na altura.
O convite é mesmo intenso e convincente.
Finalmente: confesso que me tenho lembrado com saudade das nossas sessões e de todos os confrades, mas, porque a edição que li é de 1922, tive um pensamento especial para aqueles que continuam a preferir sempre os AO anteriores aos posteriores.
Boas leituras.

4 comentários:

  1. Muito bem lembrado, meu caro. E no colóquio sobre o romance que era para haver este ano, lá estava AQ Catedral, cujos 100 anos de edição se completam agora.
    Abraço e boas férias.

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    1. Pelo tempo que demoro a responder, deduz-se que estou a cumprir o seu voto amigo.

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  2. Também aprecio a escrita desse autor, tão esquecido!
    Quanto ao remoque aos anti-acordistas AO90, em cujo número me incluo com todo o orgulho, permito-me recordar ao caríssimo amigo e confrade José Serra, pessoa que muito prezo e considero, que, na maioria dos casos, a oposição ao AO90 não é por princípio ou apego ao passado, mas por se tratar de uma aberração completa: mal feito, sem clareza, sem critérios bem definidos, cheio de ambiguidades e imprecisões. Este AO90 é uma vergonha, uma lástima, um atentado ao idioma, um crime de lesa cultura, caro Amigo!
    (E, por favor, não venha com a história da pharmacia, da philosophia ou do escripto, que isso é poeira nos olhos.)

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    1. Estimado amigo. Ainda ontem, ao fim da tarde, falava de si a amigos serranos, sobre o cuidado com que escreve e a identificação que sinto consigo nessa preocupação. Não falei da nossa divergência sobre o AO que está longe de estar perfeito, mas que, no meu entender, está um pouco melhor do que estava.
      Tenho concluído também que, nesta matéria (estranhamente), as opções são mais uma questão de sentimento que de lógica. Porque gostamos desta mulher ou desta música e não de outras de que outros gostam? E, nestes casos, não há razão que valha (o coração tem razões que a razão desconhece, cito).
      Assim, com ou sem acordo com o Acordo, concordo que há acordo sobre a sua qualidade de escrita, com mais ou menos "c" ou "p" espalhados pelo texto. E nisso, espero estarmos de acordo.
      Boas férias e alegres leituras, mesmo que seja O Rio Triste.
      Nota: Esta resposta, reparo agora, foi escrita em conformidade com o antigo e o novo Acordo.

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