29 de dezembro de 2012

coisas que esquecemos

D. João foi um dos poucos monarcas europeus que reinou sem interrupção ao longo da era napoleónica -- "o único que me pregou a partida", nas palavras do próprio Napoleão, escritas no exílio em Santa Helena.

Patrick Wilcken, Império à Deriva, trad. António Costa, 9.ª ed. Porto, Civilização Editora, 2007, p. 288.

23 de dezembro de 2012

o inesquecível Búzio

«O Búzio chegava de dia, rodeado de luz e de vento e, dois passos à sua frente, vinha o seu cão, que era velho, esbranquiçado e sujo, com o pêlo grosso, encaracolado e comprido e o focinho preto.» 

Sophia de Mello Breyner Andresen, «Homero», Contos Exemplares, 3.ª edição, Porto, Portugália Editora, 1970, p. 143.

(imagem)

19 de dezembro de 2012

ALEXANDRE O'NEILL, 88

Alexandre O'Neill nasceu em Lisboa, a 19 de Dezembro de 1924.

A MEIO DO CAMINHO, Alberto de Lacerda

Fico entre o céu e a terra,
Choro só para dentro.
Sou como a árvore nua
que ao alto os ramos indica:
ergue as asas, mas não voa,
tem raízes, mas não desce.

Caminhos da Moderna Poesia Portuguesa, edição de Ana Hatherly, Lisboa, Direcção-Geral do Ensino Primário, 1960, p. 49.

lido na sessão de 7 de Dezembro

12 de dezembro de 2012

ainda só...

Ainda só vou na página 13, e já é um dos livros da minha vida.

8 de dezembro de 2012

JANTAR DE NATAL

Depois de um Saramago polémico, e já com o pensamento nas leituras de 2013, o ágape apaziguador. As imagens possíveis:




7 de dezembro de 2012

PAINEL, José Régio

Era uma noite de luar medonho
(Lembro-me disto como dum sonho)
Alevantou-se um Homem a meu lado,
Todo nu, e desfigurado.

Mal me atrevendo a olhá-lo, eu quase só adivinhava
Seu corpo devastado que sangrava...
E uma lembrança, longe, longe, longe, havia em mim
De já o ter amado, ou outro assim.

Seu rosto, que, decerto, era sereno e puro,
Resplandecia, como um mármore, no escuro;
E as suas lágrimas, rolando devagar,
Deixavam rastros que faziam luar...

Eu prosseguia, todo trémulo e confuso,
Cheio de amor e de terror por esse intruso.
À minha mão direita, ele avançava aèreamente,
Com seu ar espectral e transcendente...

Os seus pés nem pousavam no caminho;
E então, eu destaei a soluçar baixinho,
Porque notara que em seu rosto exangue
As suas lágrimas corriam misturadas com seu sangue.

Oh, onde a vira eu, essa figura peregrina
Feita de terra humana e de ascensão divina?
Sim, onde a vira eu, que, só de o perguntar,
Me arrepiava, com vertigens de ajoelhar?

Mas, de repente, como um sobressalto,
E como a angústia de quem rola muito de alto,
Alguma coisa em mim passou, que pressentia,
E que se arrepelava, e que tremia...

E que em meu ombro esquerdo alguém se debruçava,
Alguém que ria um riso que espantava,
Um riso tenebroso, e cheio de atracção,
Com fogo dentro como a boca dum vulcão!

E, sem o ver, eu vi-o, todo inteiro,
Essoutro novo e inseparável companheiro:
Um que também conheço, nem sei donde nem de quando,
Por mais que me torture procurando...

E tinha pés de cabra, e tinha chifres, tinha pelos,
E tinha olhos sulfúricos, esfíngicos e belos...
A baba do seu riso escorregava-lhe da boca,
E em todo ele ardia uma lascívia louca!

À minha mão direita, absorto, aéreo, hirto,
Coroado de abrolhos e de mirto,
O Outro continuava a chorar lágrimas caladas,
Com as mãos lassas como rosas desfloradas...

Entre os dois, eu sentia-me pequeno e miserando,
Vibrando todo, tumultuando e soluçando,
Com olhos meigos, lábios torpes -- indeciso
Entre um inferno e um paraíso!

Um riso doido e cínico, sem regra,
Subia em mim como uma onda negra,
E, estrelados de lágrimas, meus olhos inocentes
Ajoelhavam como penitentes...

Entratanto, os dois vultos desmedidos
Ias crescendo entre os meus risos e gemidos,
Crescendo sempre, sempre e tanto, que, depois,
Eu ficava esmagado entre eles dois.

A noite em que isto foi, não sei... sei lá?... (Seria
Essa em que minha mãe, com tanta angústia, me paria...)
Sei que o luar era medonho, era amarelo,
E que tudo isto parece um pesadelo!

Caminhos da Moderna Poesia Portuguesa, edição de Ana Hatherly, Lisboa, Direcção-Geral do Ensino Primário, 1960, pp. 42-46.

(lido na sessão de 2 de Novembro de 2012)

27 de novembro de 2012

funda e fresca

«O poço! Platero, que palavra tão funda, tão verdenegra, tão fresca, tão sonora! Parece que é a palavra que perfura, girando, a terra escura, até chegar à água.»

Juan Ramón Jimenez, Platero e Eu, tradução de José Bento, Lisboa, Livros do Brasil, s.d., p. 76.


25 de novembro de 2012

ou a galinha da vizinha...

«Cuspiu a ponta do cigarro e, para não magoar o pé, desceu com cuidado e vagares de homem da cidade, os três metros que o separavam do ínvio caminho. Nunca o lugarejo lhe parecera tão miserável, tão digno de dó e sobranceiro olhar. As aldeias vizinhas prosperavam, tinham casas novas, chafarizes, grandes quintas com portões de ferro, porque os rapazes de lá, mal tiravam as sortes, partiam -- passe bem, que eu vou tratar da vida! -- e só regressavam quando haviam enriquecido.»

Ferreira de Castro, Emigrantes, 24.ª edição, Lisboa, Guimarães Editores, 1988, p. 24. 
(imagem daqui)

24 de novembro de 2012

Sabe-se lá...

«Para mais, Zé Limão era um maltês e sabe-se lá que noite escura é o passado dessa gente!...»

Manuel da Fonseca, Aldeia Nova, 7.ª edição, Lisboa, Editorial Caminho, 1984, p. 82.

23 de novembro de 2012

Celan, 82

Paul Celan (nome literário de Paul Antschel) nasceu em Cernauti, Roménia, a 23 de Novembro de 1920
(foto)

14 de novembro de 2012

Júlio Dinis, 173

Júlio Dinis (pseudónimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho) nasceu no Porto, em 14 de Novembro de 1839

11 de novembro de 2012

Raymond Abellio, 105

Raymond Abellio (pseudónimo de Georges Soulès) nasceu em Toulouse, em 11 de Novembro de 1907.

Dostoiévski, 191

Fiódor Dostoiévski nasceu em Moscovo, em 11 de Novembro de 1821.

8 de novembro de 2012

Sugestões de sites com downloads gratuitos de livros e audio-livros


Sites para baixar livros gratuitos
  • Baixar Livros Grátis, site recém lançado com um catálogo razoável de clássicos da literatura brasileira e estrangeira.
  • Bartleby, eles têm uma das melhores coleções de literatura, versos e livros de referência com acesso gratuito.
  • Biblomania, uma grande coleção de textos clássicos, livros de referência, artigos e guias de estudo.
  • Books-On-Line, um diretório com mais de 50 mil publicações (a maioria grátis). A busca pode ser feita por autor, tema ou palavra-chave.
  • Bookstacks, conta com cerca de 100 livros de 36 autores diferentes. Os livros podem ser lidos on-line ou baixados em formato PDF.
  • Bored.com, milhares de livros clássicos para ler ou fazer download. É possível encontrar livros de música, jogos, culinária, ciências e viagens.
  • Classic Book Library, uma biblioteca gratuita que contém romances de mistério, ficção científica e literatura infantil.
  • Classic Bookshelf, biblioteca eletrônica de livros clássicos. Tem um programa de leitura que permite a visualização mais fácil dos arquivos.
  • Classic Reader, coleção de clássicos de ficção, poesia, contos infantis e peças de teatro. Mais de 4 mil obras de centenas de autores.
  • Ebook Lobby, centenas de ebooks gratuitos ordenados em categorias que vão desde técnicas empresariais e arte até informática e educação.
  • EtextCenter, mais de 2 mil ebooks gratuitos procedentes da Biblioteca Etext Center da Universidade da Virgínia. Inclui livros clássicos de ficção, literatura infantil, textos históricos e bíblias.
  • Fiction eBooks Online, centenas de peças de teatro, poemas, contos, livros ilustrados e novelas clássicas.
  • Fiction Wise, obras de ficção científica gratuitas. Além disso é uma loja de livros.
  • Full Books, milhares de livros completos dos mais diversos assuntos, ordenados por título.
  • Get Free Books, milhares de livros gratuitos de quase todos os temas imagináveis. Encontram-se disponíveis para download imediato.
  • Great Literature Online, vasta coleção de títulos ordenados por autor. Além de fornecer textos em formato HTML, proporciona uma linha de tempo biográfica e lista de links sobre o autor consultado.
  • Hans Christian Andersen, coleção maravilhosa de histórias e contos de fadas de Hans Christian Andersen.
  • Internet Public Library, fundada por um grupo da University of Michigan’s School of Information e Michigan SI students. Contém uma antologia com mais de 20 mil títulos.
  • Literature of the Fantastic, pequena coleção de ficção científica e livros de fantasia, com links para grupos de discussão.
  • Literature Project, coleção gratuita de textos clássicos e poesia. Esse site tem um programa de leitura em voz que pode ser baixado.
  • Magic Keys, contos ilustrados para pessoas de todas as idades.
  • Many Books, mais de 20 mil ebooks gratuitos para PDAs, iPods e similares.
  • Master Texts, base de dados gratuita que contém obras-primas da literatura, as quais podemos buscar por título, tema e autor.
  • Open Book Project, site orientado à comunidade educativa. Proporciona livros didáticos gratuitos e outros materiais educativos on-line.
  • Page By Page Books, centenas de livros clássicos que podem ser lidos página por página.
  • Project Gutenberg, mais de 25 mil títulos gratuitos estão disponíveis no Projeto Gutenberg. Adicionalmente há outros 100 mil títulos através de seus afiliados.
  • Public Literature, uma enorme coleção de literatura de grande qualidade que mostra autores clássicos e obras modernas do mundo inteiro.
  • Read Print, biblioteca on-line com milhares de livros, poemas e peças de teatro para estudantes e professores.
  • Ref Desk, seleta compilação de enciclopédias e outros livros de referência.
  • The Online Books Page, lista com mais de 30 mil livros grátis da Universidade da Pensilvania.
  • The Perseus Digital Library, projeto criado pela Biblioteca Virtual da Universidade de Tufts que possui textos clássicos e renascentistas.
Sites pra baixar audiobooks grátis
  • Audio Literature Odyssey, versões na íntegra de novelas, poemas, contos e obras literárias lidas na voz do ator Nikolle Doolin.
  • Audio Treasure, Audio Bíblia gratuita em formato Mp3. Inclui links para audiobooks cristiãos (aprecie com moderação, conteúdo perigoso).
  • Classic Poetry Aloud, podcasts de poemas clássicos e literatura inglesa.
  • Free Classic Audio Books, dúzias de clássicos para baixar e ouvir no mp3, mp4 e iPods.
  • Learn Out Loud, diretório que contém mais de 500 títulos em áudio e vídeo. Inclui audiobooks, discursos e conferências.
  • Librivox, um dos melhores sites com audiobooks de dominio público.
  • Lit2Go, coleção de autores clássicos e literatura infantil digitalizados pela Florida’s Educational Technology Clearinghouse.
  • Literal Systems, lista de audiobooks para download.
  • Spoken Alexandria Project, livraria sob licença Creative Commons com obras clássicas e atuais.
  • Classics Podcast, contém links para podcasts de leituras em latim e textos em grego antigo.
Visto aqui.

Drummond dos nossos dias...



5 de novembro de 2012

Afonso Costa (poeta?) e Manuel Ferreira da Silva


De Afonso Costa, exilado em Paris, se falou na última sessão do Clube de Leitura.
A propósito, alguém citou, de cor uma quadra do político que tinha (e a família tem, ainda hoje), uma casa (Villa Alzira), e um barracão volumoso (ainda conhecido, na zona, por "Garagem do Afonso Costa") em zona arejada da Serra da Estrela, nas Penhas Douradas, alcandorados sobre a vila de Manteigas.
Escreveu ele, a amigo, em Portugal:
Suivez moi, dans mon village
Et je vous direz coisas meigas,
La ville, la bas, c'est fromage...
Fromage, non; c'est Manteigas.

Sobre o mesmo local encantador, escreveu, mais tarde, um manteiguense ilustre, Manuel Ferreira da Silva:
Quem, um dia, quiser ver o rosto a Deus,
Iluminado à luz que eterna, brilha,
Suba à montanha, até tocar os céus,
E cisme um pouco em tanta maravilha!

Para que se não percam...

3 de novembro de 2012

MARIO QUINTANA

Casa de Cultura Mario Quintana, Porto Alegre-RGS, 15-10-2012
O PROFETA
Para os homens, que eram cegos,
Tu querias, Profeta, dizer a Verdade
E os olhos dos homens iluminaram-se de êxtase:
As tuas palavras estavam cobertas, ajaezadas, escorrentes  
                                                                                          [de poesia
Como esses cadáveres floridos de algas e espumas que as
                                          [dragas  levantam do fundo do abismo…
Tu quiseste dizer Verdade e disseste a Beleza!
E choraste.
Mas os anjos sorriam-te…
Porque a Beleza é a forma angélica da Verdade.
 
 
MARIO QUINTANA, Apontamentos de História Sobrenatural,
lido na sessão de 2 de Novembro.


2 de novembro de 2012

PORQUE, Sophia de Mello Breyner Andresen

Porque os outros se mascaram mas tu não.
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se comprem e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.


Caminhos da Moderna Poesia Portuguesa, edição de Ana Hatherly, Lisboa, Direcção-Geral do Ensino Primário, 1961, p. 96.

(lido na sessão de 12 de Outubro de 2012)

27 de outubro de 2012

de certeza que algo se vai passar...

Pendia a cada passo. Na cara enrugada, a boca distendia-se num riso canalha e os olhos, que nunca fitavam ninguém, pareciam guardar uma névoa que alastrava como se constantemente chorassem lágrimas que nunca caíam [...]

Manuel da Fonseca, «Névoa», Aldeia Nova, 7.ª edição, Lisboa, Editorial Caminho, 1984, p. 81.

(imagem)

26 de outubro de 2012

LIBERDADE, Sophia de Mello Beyner Andresen

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

in Ana Hatherly, Caminhos da Moderna Poesia Portuguesa, Lisboa, Direcção-Geral do Ensino Primário, 1960, p. 41.

(lido na sessão de  de 12 de Outubro de 2012)

25 de outubro de 2012

OS NAVEGADORES, Sophia de Mello Breyner Andresen

Eles habitam entre um mastro e o vento.

Têm as mãos brancas de sal
E os ombros vermelhos de sol.

Os espantados peixes se aproximam
Com olhos de gelatina.

O mar manda florir seus roseirais de espuma.

No oceano infinito
Estão detidos num barco
E o barco tem um destino
Que os astros altos indicam.

in Ana Hatherly, Caminhos da Moderna Poesia Portuguesa, Lisboa, Direcção-Geral do Ensino Primário, 1960, p. 33.

(lido na sessão de  de 12 de Outubro de 2012)

15 de outubro de 2012

ANNO DOMINI 1348

Estive directamente envolvido na (a)parição do Anno Domini 1348 (Prémio Ferreira de Castro / 1989), por razões profissionais. Há mais de vinte anos já...
Releio-o passado todo este temp -- e que bem se porta o livro, que bem ele se aguenta! O que é ainda mais digno de registo, tendo esta sido a primeira obra de ficção publicada por Sérgio Luís de Carvalho, então um jovem medievalista sem nome na ficção, ao contrário do que hoje sucede.

Em três penadas, o que registei no fim desta esplêndida releitura:
1) A história social e mental medieval está presente sem que o historiador surja como um intruso no trabalho do ficcionista. A informação é-nos dada (com fidedignidade, acrescento) currente calamo, afastando a desagradável sensação de ter sido despejada no meio da acção, por didactismo ou excesso de especialização. Não há aqui outro imperativo que não seja o da boa economia narrativa.
2)  O protagonista, João Lourenço, tabelião que realmente existiu em Sintra e foi vitimado pela Peste Negra, como o atesta a documentação da época (três fragmentos são publicados no final, em apêndice), passa a última semana de vida a redigir o testamento, pretexto para uma rememoração do tempo perdido: a infância, a aprendizagem do tabelionado, o amor, os acidentes em que a vida de todos nós é fértil.  É uma personagem com densidade psicológica; interpela Deus, e nesse diálogo evidencia-se uma moderna (e propositadamente anacrónica) consciência de individualidade -- como será moderna a consciência da humanidade do Outro que se verifica em relação aos judeus. A propósito, o episódio da judiaria de Sintra é um dos momentos do livro, que nunca baixa o patamar elevado em que o autor soube colocar a narrativa.
3) Sendo um romance, no que respeita à bibliografia sintrense, Anno Domini 1348 é uma obra que nela fundamente se inscreve. Não é impunemente que se recria o passado de um modo tão contemporâneo.

Transcrevo parte da crítica de Daniel Bermond, na revista Lire de Novembro de 2003 (Le Bestiaire Inachevé, na tradução francesa), que encontrei no sítio do escritor: «Transparece destas páginas fortes uma gravidade que sustenta a graça de um língua que poderia se a adas orações e dos salmos. Uma pequena obra-prima de uma austeridade sumptuosa.»

13 de outubro de 2012

"Atentai no dragão."*



Fresco de San Pietro al Monte, Civate, séc. XI.
(imagem)

* Sérgio Luís de Carvalho, Anno Domini 1348, Sintra, Câmara Municipal, 1990.

9 de outubro de 2012

Carlos Ceia, 51

Carlos Ceia nasceu em Portalegre, a 9 de Outubro de 1961.

5 de outubro de 2012

Diderot, 299

Denis Diderot nasceu em Langres, na Champagne, em 5 de Outubro de 1713.

17 de setembro de 2012

José Régio 111

José Régio (José Maria dos Reis Pereira) nasceu em Vila do Conde, a 17 de Setembro de 2001.

12 de setembro de 2012

LUSITÂNIA, Sophia de Mello Breyner Andresen

Os que avançam de frente para o mar
E nele enterram como uma aguda faca
A proa negra dos seus barcos
Vivem de pouco pão e de luar.

in Ana Hatherly, Caminhos da Moderna Poesia Portuguesa, Lisboa, Direcção-Geral do Ensino Primário, s.d.

(lido na sessão de 7 de Setembro de 2012)

10 de setembro de 2012

AS PUPILAS DO SENHOR REITOR

(a Liberto Cruz)

Recusas abandonar essas páginas
O estilo dúctil perfeito enganoso
Na aparência os dramas modelados
Pela elegância das frases rejeitas

A fealdade do presente a
Profanação da inocência
Das crianças o aviltamento
Escravo a prostituição dos
Coetâneos o lixo

Não largas o teu júlio dinis

Mas repara bem escava-lhe a prosa
Maviosa a doce prosódia das personagens
E lerás também a nudez forte da verdade
A miséria moral a velhacaria a cupidez.
 
(POSTADO TAMBÉM AQUI)

8 de setembro de 2012

Bar cubano cria cocktail gigante em homenagem a Hemingway

via 

Ernest Hemingway, que viveu durante cerca de 20 anos em Cuba, foi homenageado por um bar em Havana que recriou, no dia em que celebraria 113 anos, um daiquiri gigante. Pelas suas dimensões, o cocktail terá conseguido um lugar no Guiness Book Of World Records.

Os Olhos Castanhos vistos por Alves Coelho

Teus olhos castanhos
de encantos tamanhos
são pecados meus,
são estrelas fulgentes,
brilhantes, luzentes,
caídas dos céus,
Teus olhos risonhos
são mundos, são sonhos,
são a minha cruz,
teus olhos castanhos
de encantos tamanhos
são raios de luz.

Olhos azuis são ciúme
e nada valem para mim,
Olhos negros são queixume
de uma tristeza sem fim,
olhos verdes são traição
são crueis como punhais,
olhos bons com coração
os teus, castanhos leais.

Os Olhos Castanhos vistos por Júlio Dinis

Morena, morena
Dos olhos castanhos,
Quem te deu morena,
Encantos tamanhos? 

Encantos tamanhos
Não vi nunca assim.
Morena, morena
Tem pena de mim.

Morena, morena
Dos olhos rasgados,
Teus olhos, morena,
São os meus pecados.

São os meus pecados
Uns olhos assim.
Morena, morena
Tem pena de mim.

Morena, morena
Dos olhos galantes,
Teus olhos morena
São dois diamantes.

São dois diamantes
Olhando-me assim.
Morena, morena
Tem pena de mim.

Morena, morena
Dos olhos morenos,
O olhar desses olhos
Concede-me ao menos.

Concede-me ao menos
Não sejas assim.
Morena, morena
Tem pena de mim.

Ray Bradbury homenageado em Marte


A NASA anunciou recentemente que o lugar onde a sonda Curiosity aterrou será designado Bradbury Landing, em homenagem ao autor de The Martian Chronicles, recentemente falecido.Via Blogtailors - o blogue da edição.  

7 de setembro de 2012

«As Pupilas do Senhor Reitor», segundo Herculano, Eça e Camilo

Na indispensável Biografia de Júlio Dinis, Liberto Cruz recolhe algumas apreciações contemporâneas sobre As Pupilas do Senhor Reitor, o primeiro romance que lhe saiu dos prelos (1867).
Para Alexandre Herculano tratava-se d'"o primeiro romance português" (p. 129); Eça de Queirós (cuja frase assassina n'As Farpas, à data da morte do escritor notava que este "vive[ra] de leve, escreve[ra] de leve, morre[ra] de leve") defendera ou defenderá (desconheço a data) que As Pupilas "era um livro real. Surgia no meio duma literatura artificial" (ibidem); já Camilo Castelo Branco, em carta a António Feliciano de Castilho, depois de lido "As Pupilas do Abade" (sic) -- era tramado o sacrista do Camilo... -- notava, quem sabe se divertido se despeitado: "Aquilo é rebate de entroixar eu a minha papelada e desempecer a estrada à nova geração" (p. 130)...

Liberto Cruz, Biografia de Júlio Dinis, Lisboa, Círculo de Leitores, 2006.

6 de setembro de 2012

É a Espanha!...

Na tarde que cai, ergue-se, claro, o latim andaluz dos salmos.

Juan Ramón Jimenez, Platero e Eu, tradução de José Bento, Lisboa, Livros do Brasil, s.d., p. 67.

1 de setembro de 2012

Olhò Júlio Dinis!... (2)

Um frequentador do Clube de Leitura - que já declarou a sua intenção de não faltar à sessão das Pupilas - confraternizando com Júlio Dinis, no Funchal, em Novembro de 2011. Foto minha.