Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.
Com dor, da gente fugia,
Antes que esta assim crescesse;
Agora já fugiria
De mim, se de mim pudesse.
Que meio espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo,
Tamanho imigo de mim?
in José Régio, Poesia de Ontem e de Hoje para o Nosso Povo Ler, Lisboa, Campanha Nacional de Educação de Adultos, 1956, pp. 11-12.
O realismo das suas descrições raia muitas vezes pelo imaginário e não saberei dizer o que mais admiro nelas: a anotação «naturalista» de um universo fantástico, mas que a exactidão minuciosa da descrição torna real aos nossos olhos, ou a firme audácia dos desvios para o extraordinário.
no Dicionário Biográfico Universal de autores, Artis/Bompiani, vol. 2.