«Com os remos a chapejarem surdamente, cautelosos como os dos ladrões, nas proas um ruído fino, menor ainda que o dos botos cortando a tona da água, as canoas meteram a terra.» Ferreira de Castro, O Instinto Supremo [1968], 6.ª ed., Lisboa, Guimarães Editores, 1988, p. 21.
29 de novembro de 2019
28 de novembro de 2019
EPHEMERIDES
28 DE NOVEMBRO DE 1881 (138 ANOS)
STEFAN ZWEIG
"Toda a beleza do ser humano consiste em se tornar algo melhor do que se foi"
21 de novembro de 2019
EPHEMERIDES
21 DE NOVEMBRO DE 1694 (325 ANOS)
François Marie Arouet (VOLTAIRE)
"Devemos julgar um homem mais pelas suas perguntas que pelas respostas"
18 de novembro de 2019
EPHEMERIDES
18 DE NOVEMBRO DE 1943 (76 ANOS)
MANUEL ANTÓNIO PINA
"Vamos então os dois outra vez
ao longo de certas ruas sombrias e de certos dias
e sorris e falas alto; está calor mas tens as mãos frias,
compramos coisas, visitamos
talvez algum último amigo
sem sabermos que já não estou vivo"
16 de novembro de 2019
EPHEMERIDES
16 DE NOVEMBRO DE 1922 (97 ANOS)
JOSÉ SARAMAGO
(Prémio Nobel l998)
"Não tenham pressa; mas não percam tempo"
12 de novembro de 2019
A propósito de ATÉ AO FIM
Na sessão de dia 8 de novembro, induzido pelo livro de Virgílio Ferreira, foi lido o texto (poema?) que transcrevo:
CONDENAÇÃO? MISSÃO?
Largam-me,
na Terra, como farrapo em sangue,
Condenado
a morrer, tão só por ter nascido.
Clamo,
grito; no primeiro hausto, protesto…
E
sem respeito algum, apenas sorrisos satisfeitos.
Como
ousam?! Não veem quanto sofro,
Saído
de uma asfixia martirizante,
Para
um mundo glacial que não desejo?
Que
cobardia! Que egoísmo atroz!
Não
sou coisa; queria ser nada, mas sou gente.
Onde
está o meu livre-arbítrio que apregoam?
Onde
as leis e decretos que arquitectam a bel-prazer?
Rasguem-nos;
queimem-nos; não os quero agora:
Para
quê agora, se me condenaram antes?
Cínicos!
Mil vezes e hediondamente cínicos.
A
lei única, com justiça, era a exigência de ser ouvido…
Quando
alguém decidiu que queria um filho,
Alguém
me questionou se eu queria pais?
Não,
sabichões, não me trapaceiem; não se enganem,
Nem
me venham com a dádiva da vida,
Porque
não passa de um preâmbulo fútil para a morte.
Grito
de novo, e mais sorrisos: «o fedelho tem bofes!»
Ah!
Se eu pudesse, partia já…
Condenado
a morrer, porque condenado a viver.
Nu.
Só
Engordam-me;
criam-me; educam-me; moldam-me.
«Há
de fazer-se um homem!»
Atafulham-me
de regras, sabichonices,
tiradas pomposas,
Ambições,
roteiros e caminhos, experiências alheias,
Fitos,
habilidades, competições, mil sugestões repetidas…
E
quando fizeram de mim um boneco de fantocheiro,
Disseram-me
que era livre e estava pronto a ganhar a vida.
Mas
a vida?! Mas não foi isso que me impuseram,
Quando
me expeliram, num espasmo?!
“Eis
o homem”! Oferecido como escravo, ao mercado, à engrenagem.
Para
a vida que não quis, vendo pedaços de vida.
«Tens
de comer, beber, vestir-te, abrigar-te, ganhares conforto
E…
e… prevenir para a doença.»
Doença…
sim, porque a vida, na bandeja dourada,
É
afinal um livro corroído por traças persistentes.
“Se
isto é um homem.”
Terá
sido este o pecado em que Adão foi engodado?
Mas
os frutos de Eva são frutos da mesma morte.
Ah
Deus! Ah Criador, porque misturas no homem instinto e razão?
Que
faço, agora, comigo, enquanto a gadanha não aparece,
Envolta
em trapos hediondos, para tentar assustar-me?
Recuso
sacrificar mais nascituros ao holocausto:
Basta!
Não mais reses para a matança.
E
amar: amar estes tontos que se aturdem
Na
vaidade de máscaras de eternidade.
Ajudar:
ajudar perguntando sempre,
Implorando
ao juízo o que a tontaria escamoteia.
Apontar
a Terra, Água e Céu, inquirindo, duro:
Que
fazeis, loucos, que vos devorais em orgia?
E
se houver um só que escute e pense,
Terei
deixado melhor o universo que encontrei,
E
na hora em que Ela baixar a espada sobre mim,
Possa
sorrir, em desafio, mas duvidando:
“Tudo
vale a pena, se a alma não é pequena”.
Depois,
aniquilo-me na chama que consome e purifica.
Nu.
Só.
6 de novembro de 2019
EPHEMERIDES
6 DE NOVEMBRO DE 1919 (100 ANOS!)
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
(infelizmente,
não consegui inserir
uma imagem da
POETISA)
"Pelas tuas mãos medi o mundo
E na balança pura dos teus ombros
Pesei o ouro do Sol e a palidez da Lua"
5 de novembro de 2019
ATÉ AO FIM
(V.F. QUE ME DESCULPE, MAS NÃO ESPERAVA TÃO BOM...)
"Vamos então a um café. Desculpe, o seu nome? Não sei se disse.
- Cláudio.
Atravessámos o jardim em frente, havia pássaros nas árvores. Mas não tinham razão contra o tráfego. Flora não era alta, mas eu tinha dificuldade, pela intensidade do seu corpo, em ser mais alto do que ela. Um vestido cor de - de que cor? devia ser claro para o teu esplendor, mas da cor dele ficou-me só na memória a firmeza flexível do seu andar. Direita ondeada tensa. Abruptamente sinto-a na minha posse por levá-la ao meu lado e haver gente a ver. Escolheu um café ali perto, sentou-se perpendicular, chamou ela o criado. Da malinha tirou uma boquilha e acendeu um cigarro. E por entre uma baforada
- Diga lá então.
- Ora bem. A doutora sabe...
- Ah, não. «Doutora» não.
Não ríspida, seca. Só como se me admoestasse. Tratei-a por Flora. Era um nome pagão."
(De como em meia dúzia de linhas se resume o "romance" impossível ou fracassado entre duas personagens tão miscíveis como o azeite e o vinagre)
FF
2 de novembro de 2019
EPHEMERIDES
2 DE NOVEMBRO DE 2019 (100 ANOS!)
JORGE DE SENA
"Nasceu-te um filho. Não conhecerás,
jamais, a extrema solidão da vida."
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