Quem a morte sentiu
Da vida não foge
(Livro de Registos / Última Colheita, 2022)
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Tenho a idade
deste plátano
e desta tília.
Todavia sei
que não vamos
envelhecer juntos.
(Sequências, 2000)
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Uma só vida não chega
Nem outra nem outra ainda
Para dizer que te amo
Meu amor meu só amor.
E quando a morte vier
Inevitável e certa
Que seja eu o primeiro
A ficar no livro inscrito.
Que ali discreto seja
E feliz por ter amado
A mulher por que morri
Vivendo. Nada mais quero.
Se de meu amor morri
Morrendo volto a viver.
(Caderno de Encargos, 1994)
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Como defender a Pátria falando outra língua,
Se outra língua ouvindo sei que esta terra
Minha Pátria não é?
(Jornal de Campanha, 1986)
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Em Portugal haver mocidade portuguesa
é um pleonasmo a evitar
(Gramática Histórica, 1971)
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SÓ PORQUE ÉRAMOS PUROS
Só porque demos as mãos
E gritámos bem alto
O nome da amizade,
Só porque trocámos carícias
Sem o prazer dos sexos
E fomos amantes Como o luar e o rio,
Chamaram-nos devassos
E refugiaram-se no mundo
Torpe, em que não caímos.
(Momento, 1956)