Detesto o abuso ilimitado e sem vergonha da expressão «é único», para impingir banalidades numa sociedade que (quase) conseguiu exaurir o significado das palavras, mas encontro-me numa situação em que me questiono como hei de classificar o livro de António Lobato,
LIBERDADE OU EVASÃO.
É que é mesmo único: e particularmente para mim.
Reli-o pela terceira vez - o que é já sintomático - e decidi propô-lo para leitura no nosso Clube, agora que foi feita mais uma edição.
Esperam que lhes descreva o conteúdo? Não vou fazê-lo. O desafio da leitura perderia com isso.
Deixo apenas alumas notas pessoais.
Por via de danças palacianas do sec.XVI, que a esposa dirigia, conheci o António e tornámo-nos amigos: próximos.
Quando ele foi libertado, era eu enfermeiro militar em Neurocirurgia e Neuropsiquiatria, e acolhi militares que tinham vindo da Operação Mar Verde, o que me levou a tomar conhecimento de factos de alto secretismo, ao tempo.
Por acaso da História, um conterrâneo amigo esteve envolvido no ato de abertura do portão que colocou o António Lobato numa liberdade... condicionada. Omito o nome por respeito à privacidade.
Conheciam-se, e quando comuniquei ao
ZP que o Major Lobato tinha morrido, respondeu apenas com uma expressão perturbadíssima: «já sabia». Não me revelou como.
Desafio feito, encerro assim as minha pequenas crónicas de Releituras.