22 de março de 2013

DE UM NOVO CONTINENTE, António Quadros

As árvores são sombras das raízes
E os homens são sombras de outras raízes
Mais fundas. Assim, dentro de mim,
Uma sombra cobre todas as luzes e todos os sons
Velando a minha alegria intacta e longínqua
E prometendo o paraíso perdido mas não esquecido.
Imagino o meu céu nos meus limites
E o céu dos outros ainda nos meus limites.
As minhas mãos atravessam o universo misterioso
E tocam as ignotas fontes da poesia e da vida.
O meu olhar, porém, fica comigo e chora
Esse amor de lágrimas e tristezas
Onde, como solitária ilha de coral,
A minha existência espera o nascimento de um novo continente.
Caminhos da Moderna Poesia Portuguesa, edição de Ana Hatherly, Lisboa, Direcção-Geral do Ensino Primário, 1960, p. 72.

(lido na sessão de 1 de Março de 2013)

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Lido na sessão de 1 de Março? Não me lembrava. O que, pelo menos, poderá demonstrar o seguinte: -- uma coisa é a poesia lida pelo próprio, outra a ouvida. Um bocado polémico, ou não?

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    1. Caro Ricardo,
      Adenda ao comentário: não está em causa a escolha e a leitura do poema de António Quadros, naturalmente boas, apenas a senilidade do comentador que só consegue memoriar aquilo que lhe passa pelos olhos (e mesmo assim com que dificuldades!) :)

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    2. Só agora vi o comentário. É natural. Às vezes, uma pequena distracção, uma troca de palavras com alguém do lado, e lá se vai a atenção...
      Ab.

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