2 de julho de 2019

Um pedacinho de A MANCHA HUMANA


(Um magistral e implacável libelo contra o preconceito e a boataria... Mas, atenção, ainda só cheguei à página 250...)






"Depois aparece Bronfmann. Bronfmann, o brontossáurio. O sr. Fortissimo! Entra Bronfmann para tocar Prokofiev a tal ritmo e com tal arrebatamento que põe a minha morbidez completamente fora de combate. Tem a parte superior do tronco extraordinariamente maciça, uma força da natureza camuflada por uma camisola de treino, dir-se-ia alguém que entrou no Alpendre da Música vindo de um circo onde é o colosso e que considera o piano um desafio ridículo à força gargantuesca com que se delicia. Yefim Bronfmann parece menos a pessoa que vai tocar piano do que o indivíduo que devia transportá-lo. Eu nunca tinha visto ninguém atirar-se a um piano como este judeu russo robusto, baixo e de barba crescida. Quando ele acabar, pensei, têm de deitar aquilo fora. Ele esmaga-o. Não deixa aquele piano esconder nada. Seja o que for que exista lá dentro, vai sair, e sair de mãos no ar. E quando isso acontece, quando está tudo cá fora até à derradeira pulsação, ele levanta-se e sai, deixando atrás de si a nossa redenção."


3 comentários:

  1. O Prokofiev sempre me deixou KO.

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  2. Uma pedrada que acabo de ler a pgs. 380:

    '-Não me disse quem foi o DR. Charles Drew.
    - O Dr. Charles Drew descobriu uma maneira de impedir o sangue de coagular, permitindo assim que pudesse ser armazenado. Depois ficou ferido num acidente de automóvel e, como o hospital mais próximo não aceitava pessoas de cor, esvaiu - se em sangue até morrer. '

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    1. Ainda só cheguei ao Concerto para piano n.º 2 do Prokofiev, que aliás adoro, como tudo o que dele conheço.

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