5 de novembro de 2019

ATÉ AO FIM

(V.F. QUE ME DESCULPE, MAS NÃO ESPERAVA TÃO BOM...)


"Vamos então a um café. Desculpe, o seu nome? Não sei se disse.
- Cláudio.
Atravessámos o jardim em frente, havia pássaros nas árvores. Mas não tinham razão contra o tráfego. Flora não era alta, mas eu tinha dificuldade, pela intensidade do seu corpo, em ser mais alto do que ela. Um vestido cor de - de que cor? devia ser claro para o teu esplendor, mas da cor dele ficou-me só na memória a firmeza flexível do seu andar. Direita ondeada tensa. Abruptamente sinto-a na minha posse por levá-la ao meu lado e haver gente a ver. Escolheu um café ali perto, sentou-se perpendicular, chamou ela o criado. Da malinha tirou uma boquilha e acendeu um cigarro. E por entre uma baforada
- Diga lá então.
- Ora bem. A doutora sabe...
- Ah, não. «Doutora» não.
Não ríspida, seca. Só como se me admoestasse. Tratei-a por Flora. Era um nome pagão."


(De como em meia dúzia de linhas se resume o "romance" impossível ou fracassado entre duas personagens tão miscíveis como o azeite e o vinagre)

FF

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