29 de maio de 2025

as aberturas de OS MEUS AMORES

14. «António Fraldão». «Noite velha, saía o António Fraldão da casa da Alonsa, quando viu, a curta distância, escoar-se um vulto que parecia de gente.»

13. «"Vae Victis!"». «Não estava ninguém na fonte quando a Luísa, de cântaro deitado sobre a cabeça, ali chegou.»

12. «À lareira». «Louvado seja Deus, aquela casa da Tia Maria Lorna era das mais remediadas lá da aldeia, e até das mais alegres.»

11. «A Choca». «Aquela tarde, a Choca recolhera ao poleiro mais cedo do que o costume.»

10. «Luzia». «Mesmo ao fundo da povoação ficava, parece que já esquecida, a casita do António Valente.»

9. «"Terra Mater"». «Manhã de Julho.»

8. «Mãe!». «Bela cabra, a Ruça! -- posso dizê-lo aos senhores.»

7. «"Abyssus abyssum"». «Nesse dia, os dois pequenitos tinham jurado que haviam de ir ao rio.»

6.2. «Balada s - II. - Para a escola». «No velho casarão do convento é que era a aula.»

6.1. «Baladas - I. - Maricas» «Vocês lembram-se da Maricas, aquela magrinha de cabelos muito castanhos, quase louros, que morava defronte da redacção, lembram-se?»

5. «"Vae Victoribus!"». «Em Dezembro, às seis é noite cerrada.»

4.2. «Comédia da província - II. Tipos da terra». «Desembarcaram num largo.»

4.1. «Comédia da província - I. Prelúdios de festa». «Este ano, a Festa da Senhora das Dores devia ser coisa de estalo.» 

3. «Última dádiva». «Distante do rio apenas um tiro de bala ficava o horto do José Cosme, belo horto, ainda que pequeno, todo mimoso de frutas e hortaliças, fechado entre velhas paredes musgosas, atufadas em silvedo, comunicando com a estrada por um pequeno portelo mal seguro.»

2. «Sultão». «Ao cair da tarde, o Tomé da Eira entrava em casa cansado, esfalfado de andar um dia inteiro a mourejar no campo.»

1. «Idílio rústico». «Quando atravessou a povoação, rua abaixo, com o rebanho atrás dele, era ainda muito cedo.»


Trindade Coelho, Os Meus Amores [1891], Mem Martins, Publicações Europa-América, s.d.

28 de maio de 2025

101 poemas portugueses - #64

 

PRIMAVERA DE BALAS


Agarro

Na minha última humilhação

E sem ir embora da minha terra

Emigro para o Norte de Moçambique

Com uma primavera de balas ao ombro.

 

E lá

No Norte almoço raízes

Bebo restos de chuva onde bebem os bichos

No descanso em vez da minha primavera de balas

Pego no cabo da minha primavera de milhos

E faço machamba ou se for preciso

Rastejar sobre os cotovelos

E os joelhos

Rastejo.

 

Depois

 

Escondido em posição no meio do mato

Com a minha primavera de balas apontada

Faço desabrochar no dólman do sr. Capitão

As mais vermelhas flores florindo

O duro preço da nossa bela

Liberdade reconquistada

Aos tiros!

 

José Craveirinha (Lourenço Marques / Maputo, 1922 - Joanesburgo, 2003)

in Manuel Ferreira, No Reino de Caliban III

6 de maio de 2025

o início de TERRA FRIA

«Sobre a montada, subindo, devagar, a trilha pedregosa, Leonardo esmoía íntimas irritações.» Ferreira de Castro, Terra Fria [1934], 16.ª ed., Lisboa, Cavalo de Ferro, 2015, p. 13.

1 de maio de 2025

MAIOS

 

As giestas voltaram a florir. Regressaram os maios.

Pela cidade (nova) em flor correm os mensageiros dos maios novos. Dos maios que prometem. Nas cartas de flores um carimbo de urgente. Ao pescoço uma mensagem. Um cordão. Um cordão de flores ( frescas) de maio.flores de giesta ( amarelinha). E as pessoas. Coisas e animais cheiram a maios diferentes. Maios que prometem. Que sorriem. Ao pescoço das crianças e dos velhos uma mensagem. Um cordão. Pelas estradas do meu país muitos cordões de maio.as giestasvoltaram a florir.regressaram os maios.

Maios, in Ilha, poesia 2000, Funchal 1975


Poema de minha autoria cuja forma original não consegui reproduzir integralmente. Não consegui fotografar. Contudo, interessa-me, no dia de hoje de enorme significado em todas as culturas, e, de um modo muito especial com conteúdos mistico profanos na Ilha em que nasci, por celebrar-se tb a procissão do Voto, desde o sec XV, promessa da edilidade funchalense a S Teago Menor, para livrar a cidade da peste negra, interessa-me dizia-me particularmente a mensagem. Quanto a conteúdos literários deverá ser lido em várias dimensões inclusivé a motivação. O motivo são as crianças paupérrimas na berma das estradas que no dia de hoje, infalivelmente, ofereciam cordões de giestas a quem passava nos seus faustosos automóveis recreando-se em dia tão ameno.