6 de dezembro de 2013

Literatura implacável

Arundhati Roy sabe muito bem que sem estilo nem oficina, isto é, sem arte, não há literatura; e por isso adapta a crueldade de que a vida se entranha a uma estética que não alivia nem carrega: o desconcerto do Mundo é suficiente para que nos seja relatado com realismo, com implacável realismo. O resto é mestria da escritora na ordenação do caos.
(também aqui)

9 comentários:

  1. Bela síntese. Realismo sem fanatismo do real. Onde é que eu já li isto?

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    1. Obrigado Manel! Provavelmente lêmo-lo no mesmo sítio...
      Abraço

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  2. "Olharam o rio com olhos de barco velho". É diferente um rio ser olhado com olhos de barco novo, ou com olhos de uma lancha a motor, ou com olhos de um barco de turistas. Todos são olhares reais. Todos são olhares diferentes. Todos verdadeiros. E no entanto tão diferentes! É uma história tecida com fios de seda.

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    1. É verdade. Todos os olhares enriquecem, mesmo que divirjam dos nossos -- e desde que não pretendam catequizar.

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  3. O que não para de me surpreender são os novos horizontes que a boa literatura consegue abrir. Hoje de manhã olhei as pessoas à minha volta e soube identificar claramente quais delas poderiam olhar um rio com olhos de um barco velho e aquelas que seriam incapazes de o fazer.

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  4. Hoje de manhã, olhando as pessoas à minha volta, soube claramente quais delas poderiam olhar um rio com olhos de barco velho e as que seriam incapazes de o fazer. É este o fantástico desempenho da boa literatura.

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  5. Li esse livro a conselho de uma pessoa conhecida e foi das leituras aconselhadas, uma das que mais me tocou. Maravilhoso!

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