23 de março de 2020

da carta de Raul Brandão a Ferreira de Castro:

«São raras efectivamente as pessoas que em Portugal estimam os meus livros, mas essas bastam-me, quando compreendem não o que vale a minha obra necessariamente imperfeita, mas o esforço que faço para arrancar alguns farrapos ao Sonho…»

Carta I, datada da Nespereira, Guimarães, em 28 de Março de 1922.
Resposta a um artigo sobre Brandão escrito por Ferreira de Castro, na revista  A Hora. Brandão foi uma das principais referências de Castro, como já o dissera Jorge de Sena.
100 Cartas a Ferreira de Castro, edição de Ricardo António Alves, Sintra, Câmara Municipal e Rede Portuguesa de Museus, 2007, p. 7.



2 comentários:

  1. Esta passagem da carta de Raul Brandão fez-me lembrar as cartas de que lhe falei de Cândido Costa Pinto para Mário Dionísio. Numa delas, o pintor surrealista e autor de muitas capas da Colecção Vampiro, diz do livro de contos "O Dia Cinzento":
    «Gostei francamente. Tenho pena que fora necessário conhecer pessoalmente o autor para romper a penumbra, anticonvidativa parede do seu título… Não me leve a mal. É título que lembra as penumbras monótonas de Raul Brandão.»
    As penumbras, imagine-se! Além de não ter captado a metáfora contida no título de Mário Dionísio. O que digo não anula o valor do artista, tanto como pintor, como artista gráfico e capista.

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    1. O pior nem são as penumbras, mas a alegada monotonia…
      Recordei no outro dia, já nem me lembro a propósito de quê, que o Castelo Branco Chaves -- aliás, um extraordinário crítico e ensaísta --, desvalorizava o Raul Brandão, donde concluímos pelo famoso lugar-comum, 'ninguém é perfeito' ou, ainda, 'não se pode agradar a todos'...

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