(Retrato de uma Aldeia Transmontana), de John Gibbons, é livro que adquiri há quase ano e meio, na sequência de uma série de artigos sob o tema de como os estrangeiros têm visto Portugal ao longo dos tempos, e que só agora tive oportunidade de ler; e que pena ter sido apenas agora.
O autor, por encomenda específica de editor, compromete-se a escrever sobre Portugal.
Com pouco dinheiro no bolso, levanta-se a questão para onde ir e alojar-se. Português conhecido, em Inglaterra, diz-lhe que tem uma casita de família na aldeia de Coleja. Não fazendo ideia onde aquilo fica, aceita, e vê-se chegar, após peripécias esperadas ou imprevistas, a um lugarejo, no concelho de Carrazeda de Ansiães, onde ninguém fala inglês; tudo seria simples... se ele falasse português... mas não.
Estamos em 1939. Salazar governa. Como vai um homem destes, nestas circunstâncias, descrever a aldeia e seus moradores?, como é a experiência de ir à feira a Carrazeda, aproveitando para regularizar papelada?, ir à missa, porque é católico, a três horas de caminhada?, ir conhecer a mítica (na visão dele) Miranda do Douro?, que nos diz sobre o Porto?, e como vê o país regido pelo Dr. Salazar?
Deliciei-me com a leitura e parece-me que com razão, quando, no final do livro, dei com apontamentos do Abade de Baçal, sobre a obra e seu autor; uma entrevista no Diário de Notícias, em março de 1940... e quando verifico que lhe foi atribuído o Prémio Camões.
Curiosos?
Sei até de quem interrompeu a leitura a meio, para recomeçar de início, tomando notas para uma viagem cultural.
Estamos sempre a tempo de descobrir e aprender.
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