TRISTÍSSIMA CANÇÃO
Nesta saudade em que vivo
Há um mistério que eu estranho:
É pesar-me o bem que tive
Mais do que os males que tenho.
E ainda é maior a amargura,
Lembrando que o bem passado
Foi menos do que mesquinho,
pois foi apenas sonhado!
Nasceu dos meus pensamentos
Altivos e namorados,
E fez, morrendo, a harmonia
Dos meus versos magoados...
E mesmo assim, que saudade
Eu tenho, de encanto estranho,
Que lembra o bem que eu não tive,
E é o maior mal dos que eu tenho!...
Guilherme de Faria (Guimarães, 1907 - Boca do Inferno, Cascais, 1929),
Desencanto (1929)
Bom. Lá vem o catálogo...é saudosismo? Não sei...a saudade provém da nostalgia daquilo que já tivemos, embora as ideias, o imaterial são objectos...mas posso ler aqui uma volta camoniana, clássica, enraizado até no pensar português...acha que estou a pensar bem?
ResponderEliminarCaro, está certamente. Não vejo é aqui saudades do futuro. Aliás, ele cortou com o pascoais, mas não sei se foi por causa disso.
EliminarAbraço
Eu tenho saudade do que não tive. Do que tive, não tenho.
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