22 de agosto de 2011

Alfredo Troni



No dia anterior o afável Marimont havia surpreendido a clientela habitual com um exemplar do Diário da Manhã, que todas as semanas recebia de Lisboa, trazendo na segunda página um folhetim intitulado «Nga Muturi -- Cenas de Luanda». Assinava-a Alfredo Trony. [..] porque com todos Trony havia privado de perto e de todos tinha recolhido informações e confidências, qualquer deles se sentia um pouco autor da obra, querendo ver em cada frase uma sua contribuição, em cada palavra o eco da própria voz.
Alfredo Trony recebia os abraços e felicitações quase envergonhado, torcendo nervoso o farto bigode de vassoura:
-- Ora vamos -- repetia já enfastiado --, é apenas um ensaiozito; e ao meus amigos o devo.

José Eduardo Agualusa, A Conjura, Alfragide, Leya, 2008, p. 33.



imagens daqui e daqui

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