5 de outubro de 2011

retrato(s) romântico(s)

Diderot sobre o seu retrato, pintado por Louis-Michel van Loo: «Meus filhos: previno-vos de que não sou eu. Tinha num dia cem fisionomias diversas, segundo aquilo que me preocupava. Estava sereno, triste, sonhador, terno, violento, apaixonado, entusiasta; mas nunca fui tal como me vedes ali. Tinha uma grande testa, olhos muito vivos, traços bastante acentuados, a cabeça no género de um antigo orador, uma bonomia que tocava pela estupidez, pela rusticidade dos antigos tempos. [...] Tenho uma máscara que engana o artista; seja porque ela tem muitas coisas confundidas, seja porque as impressões da minha alma se sucedem muito rapidamente e se pintam no meu rosto, os olhos do pintor não me encontram igual dum momento para o outro e a sua tarefa se torna torna-se mais difícil do que ele supunha.»

In Jaime Brasil, Diderot e a Sua Época, Lisboa, Editorial Inquérito, 1940, pp. 28-29.

2 comentários:

  1. Como puxo muito para o lado dos episódios frívolos, deliciei-me com a cena das conversas com Catarina da Rússia (p.64), as nódoas negras com que o filósofo brindava a déspota esclarecida que tão magnanimamente o havia acolhido. E logo, imagine-se!, nas coxas da imperial criatura. Aquilo é que era um século, caramba!

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  2. À quarta tentativa (o que faz mudar de casa!). Dizia:

    ahahah!, mais divertido do que o seguinte, embora eu prefira o liberal XIX

    era mais ou menos isto...

    RAA

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