«Diário de Bordo / "Saímos de Quelimane na canhoneira Mandovi, com direcção à ilha de Moçambique, no dia 4 de Setembro de 1879, pelo meio dia.» Helena Marques, O Último Cais (1992), Alfragide, Leya, 2009, p. 9.
31 de janeiro de 2022
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CASA DA LUZ, FUNCHAL
15 de janeiro de 2022
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14 de janeiro de 2022
RUY BELO : A NOVA POESIA EM PORTUGAL
Em 78 procuravam-se novos rumos para a cultura portuguesa após uma década de notáveis experimentalismos. Retenho algumas ideias que bebi em "A Vida da Poesia" de Gastão Cruz : a) quando R.B. surge o discurso poético estava por definir-se quanto a direcções a tomar - a linha discursiva que vinha de Sena, Rosa ou Helder estava suspensa.; b) surge um tempo de desconstrução do discurso com o desmantelamento de esquemas lógicos e sintáticos; c) Ruy Belo opta pela reconstrução do discurso.
Na revista Raíz e Utopia que sai no Inverno daquele ano, cuja leitura recomendo vivamente, ( que tenta ocupar o hiato cultural com reflexões muito amplas) é publicado na secção de Poesia um inédito de Ruy Belo que renova tudo o que sabemos ou pensamos a propósito do poeta. Cuidava-se então, neste número, de uma "nova poesia em Portugal" pelas mãos de José Manuel Alexandre, de Manuel Cintra e Luis Miguel Nava. São textos longos, com versos muito longos e irregulares aonde se deixa correr a pena a quente sem preocupações de rima numa confluência temática "delirante". Não sei que é feito desta nova poesia...
O inédito manuscrito de Ruy Belo intitula-se "Na Noite de Madrid" (escrito na Póvoa de Varzim, à vista do mar, 10 horas da manhã do dia 29 de Dezembro de 1971). Chama-se a atenção para este texto por ser o passo seguinte a Homem de Palavras(s) transportando contudo todas as abordagens temáticas que conhecemos no poeta nomeadamente a problemática da exclusão do sujeito e do anonimato do outro que tão humanamente expôs nos seus poemas: "que jornal contaria a imensidão do nome/de quem como um insulto ali jazia?/que pensamentos próximos tivera?/e o que levaria ele nos bolsos?/Donde viria?sorriria?onde ia?".
Para concluir: Foi esta forma de expressão aquela que mais me atingiu e deixou possivelmente algumas marcas nos meus escritos e nos da minha geração nas entrelinhas de finais de 70 despoletando em nós alguma poesia política despertando-nos para várias realidades do país real que eramos e país sonhado que continuamos a ser por muitos anos.